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Impacto e capacidade

Qual o impacto real que os deputados eleitos pela RAM têm na opinião pública nacional? Qual o grau de influência que efetivamente têm sobre as lideranças partidárias? Se não possuírem tais capacidades, a utilização do poder fica limitada à ingrata tarefa de servir (e a ser visto) como correia de transmissão, apenas sujeita à ocasião e muito limitada às circunstâncias. Ora, importa que a Madeira esteja de facto representada ao mais alto nível e tenha capacidade de agir.

Emanuel Câmara tem as qualidades necessárias para ter impacto e é ouvido pela liderança do partido. Para quem tiver dúvidas, recomendo rever a chegada de Pedro Nuno Santos ao último congresso do PS-Madeira e a camaradagem (e respeito) que demonstrou com o agora cabeça de lista. É, sem dúvida, um ponta-de-lança, que a liderança do PS-M soube colocar em jogo no momento certo. Por tudo o que Emanuel Câmara representa (resiliência, ação, pragmatismo e defesa da região), os madeirenses sabem que é aposta ganha.

Mas a lista do PS-M às legislativas não fica por aqui em termos de capacidade. Sofia Canha domina a área da Educação, com a solidez de quem passou com sucesso pela área sindical, tendo tudo para ser referência a nível nacional. Gonçalo Jardim possui as qualidades de razão e ponderação, dominando a área da Saúde, sendo capaz de trabalhar para resolver problemas da região e do país.

A importância e a qualidade dos deputados conjuga-se com os dois níveis a que se trabalha nesta eleição. Tal como nos muitos cafés deste país se lê a imprensa regional e a imprensa nacional, nas eleições legislativas também se trabalha a nível regional e nacional. Em todos os distritos a campanha aborda (e bem) os problemas locais, sendo estes incluídos nos programas e nas campanhas dos partidos. Mas os portugueses sabem que esta eleição é mais do que isso. Não se trata da segunda volta das regionais madeirenses. É um momento decisivo, em que se trata Portugal como um todo. E o poder e ação de um Governo Constitucional e da Assembleia da República é muito maior do que o da soma das regiões. Veja-se, por exemplo, o PRR, com a mobilização das verbas europeias para fazer face a problemas estruturais. É graças às políticas do Governo Constitucional de António Costa que podemos ter habitação construída no Funchal, na rotunda que culmina a Avenida Mário Soares. E mais haveria, caso houvesse melhor conjugação entre os diversos níveis de governo (constitucional, regional e municipal). No mesmo sentido, a não execução do PRR na Universidade da Madeira demonstra como o trabalho das instituições a nível nacional importa, mas nada se faz se a região somar insularidade política à situação de ultraperiferia.