Recentemente o DIÁRIO noticiou um esquema semelhante ao 'Olá pai, olá mãe', que abrange outros familiares. A nova burla do WhatsApp chama-se, agora, 'Olá mano, olá mana' e já afectou vários madeirenses.
Tudo começa comuma mensagem familiar no WhatsApp seguindo-se o anúncio de um pretenso problema: "Estou com um problema no telemóvel e estou a usar este número: anota, por favor".
A vítima, o suposto progenitor do atacante, alterava o número na agenda do seu telemóvel. Sem saber, estava a morder o isco. Era a altura de o burlão enviar a mensagem fatídica:"Podes pagar-me uma conta no multibanco? Envio-te aqui o NIB e o valor." A vítima, naturalmente, sentia a urgência de auxiliar o filho ou a filha. O problema é que não tinha confirmado a veracidade da mensagem de onde provinha. A transferência era feita e, de súbito, a vítima ficava sem o valor transferido.
As autoridades informam que a rede presumivelmente responsável por este esquema foi desmantelada. Apesar disso, toda a atenção é pouca, uma vez que continuam a surgir novos esquemas, cada vez mais sofisticados.
Através deste Explicador saiba como se defender deste tipo de burlas.
A DecoProteste explica que, à medida que os cibercrimes se tornam cada vez mais sofisticados, a legislação tenta acompanhar o ritmo. É o caso do diploma relativo às medidas destinadas a assegurar um nível elevado de cibersegurança em toda a União Europeia, publicado em finais de 2022. Entre outras imposições, os Estados-membros vêem as obrigações de segurança reforçadas, devendo garantir notificações eficazes em caso de incidente. Em Portugal, a lei tem acompanhado o ar dos tempos, mas as consequências penais dos ataques informáticos, ou das burlas online, ainda ficam aquém do esperado.
Oito passos para prevenir ciberataques
- Seja céptico: Deve estar atento a e-mails, mensagens ou chamadas telefónicas que não tenha iniciado. Na grande maioria dos esquemas, são os atacantes que iniciam o contacto
- Verifique a origem: Se receber um e-mail ou uma mensagem de uma empresa verifique a sua legitimidade. Deve visitar o site oficial directamente (não clique em nenhum link que conste na mensagem)
- Utilizar passwords fortes e únicas: Deve evitar passwords que sejam facilmente adivinháveis e considere usar um gestor de passwords para gerar e armazenar palavras-passe complexas e únicas para cada uma das suas contas;
- Seja cauteloso com informações pessoais: Não forneça informações sensíveis como números da Segurança Social ou de contribuinte, detalhes de conta bancária ou informações de cartão de crédito;
- Estar atento a burlas comuns: Mantenha-se informado sobre crimes on-line comuns em meios de comunicação social ou no site da DECO Proteste;
- Desconfie das urgências e pressões: O sentido de urgência para o pressionar a tomar uma decisão precipitada deve ser considerado um sinal de alerta. Tome o seu tempo para verificar as informações;
- Telefone para o número indicado: Se uma mensagem o deixar com dúvidas, telefone para o número indicado. Tente reconhecer a voz do seu interlocitor e confronte-o com perguntas difíceis, como datas de aniversários de familiares;
- Verifique os URL dos sites: Certifique-se de que o endereço do site está escrito correctamente e usa 'https://' para ligações seguras. Fique atento a erros de ortografia ou domínios que pareçam suspeitos.
A burla 'Olá mãe, olá pai' pretende extorquir dinheiro, com base em pretensas relações de parentesco, dirigidas a uma só pessoa. Contudo, existe uma série de outros crimes. Ao longo dos anos foram noticiados ataques contra organizações públicas e privadas como a Vodafone, Agência Lusa, Sonae MC, Ministério dos Negócios Estrangeiros ou do Grupo Impresa, que são conhecidos como 'ransomware' - exigem dinheiro em troca da libertação de servidores onde estão alojados os dados dos clientes ou utentes da instituição.
A Deco lembra inda o ciberataque à TAP, onde os dados pessoais dos passageiros da companhia aérea ficaram comprometidos: os 'hackers' tinham informações como o nome, a nacionalidade, o género, a data de nascimento, a morada, os contactos, entre outros. Calcula-se que mais de cinco milhões de endereços de e-mail tenham sido afectados.
Fui vítima de burla, onde apresento queixa?
Se foi burlado deve dirigir-se às autoridades:
- PSP, GNR, Polícia Judiciária ou os serviços do Ministério Público estão à disposição para estas queixas. Não necessita de um advogado para denunciar cibercrimes. A queixa é gratuita.
- O site do Ministério da Administração Interna também recebe este tipo de queixas;
- A Polícia Judiciária disponibiliza o contacto telefónico da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica – 211 967 000. Também é possível apresentar a queixa por via electrónica;
- Pode utilizar o portal cibercrime do Ministério Público ou contactar o 213 921 900.
A denúncia deve ser acompanhada de tantos elementos quanto puder apresentar.