CDU ataca especulação imobiliária e defende habitação acessível na Madeira
A CDU realizou, nesta manhã, uma iniciativa de campanha eleitoral no Bairro de Santo Amaro, no concelho do Funchal, onde o candidato Edgar Silva criticou a política habitacional na Região Autónoma da Madeira. Segundo o candidato, a construção de novas habitações não resolve o problema da população se estas não forem acessíveis financeiramente.
Edgar Silva afirmou que "o problema da habitação é continuar a construção de casas que as pessoas não podem comprar". O candidato destacou que a crise habitacional na Madeira não se deve à falta de casas no mercado, mas à indisponibilidade de imóveis a preços acessíveis para a população com menores rendimentos.
O problema da Região não é a falta de casas no mercado. O problema é a falta de casas que as pessoas possam pagar. Não faltam casas para os investimentos dos fundos imobiliários. Não faltam casas para os 'nómadas digitais' e residentes não habituais com altos salários. Não faltam casas para os 'vistos gold', não faltam casas para transformar em alojamento turístico, mas as pessoas com baixos rendimentos são expulsas das suas casas, os jovens são obrigados a permanecer em casa dos pais, e os trabalhadores com baixos salários são obrigados a viver em condições habitacionais tantas vezes precárias, tantas vezes partilhadas, tantas vezes degradadas, tantas vezes indignas. Edgar Silva, CDU
O candidato comunista apontou ainda para a escassa oferta de habitação pública e para o impacto dos aumentos especulativos no valor das rendas, bem como as taxas de juro elevadas que tornam insustentáveis as prestações bancárias. "Grande parte da população, e particularmente os jovens, estão hoje confrontados com a quase inexistente oferta de habitação pública, com aumentos especulativos dos valores das rendas e com taxas de juro e prestações bancárias incomportáveis", acrescentou.
No Bairro de Santo Amaro, Edgar Silva apontou o local como exemplo da ineficiência governamental na resolução do direito à habitação. "No Bairro de Santo Amaro temos um dos exemplos bem evidentes da incapacidade dos governantes em tomar medidas para a resolução do direito à casa nesta terra. Em Santo Amaro, como no Caniçal, como no Caniço, e noutros lugares, muitas famílias construíram as suas casas, depois da cedência de solos, mas tantos anos depois, os governantes ainda nem foram capazes de garantir o pleno direito à casa de cerca de 500 habitações nestas condições, ainda não foram capazes de resolver a cedência plena do direito de superfície a tantas famílias que ficam sem o efectivo direito à habitação", criticou.
A CDU defende que a actual política habitacional favorece a especulação imobiliária e a mercantilização da habitação, relegando o direito à casa para segundo plano. "A gravidade do problema social na Madeira e no Porto Santo exige soluções, e exige a ruptura com um caminho que tem vindo a ser prosseguido, de promoção da especulação imobiliária, de mercantilização da habitação e de liberalização de preços, e exige a rutura com um caminho em que a habitação é considerada, sobretudo, como mais uma oportunidade de negócio para obtenção de lucros e não como um direito fundamental", defendeu a CDU.