Trump, Musk e a liberdade e expressão

Elon Musk (EM) decidiu pagar voluntariamente 9,6 milhões de dólares a Trump (DT) por este ter sido banido do ex-Twitter - atual X de EM - “devido ao risco de prolongamento da incitação à violência“ durante a invasão do Capitólio por apoiantes de DT, para tentar de forma violenta e antidemocrática reverter a vitória de Joe Biden nas eleições de 2020, com total menosprezo pela Constituição dos EUA e pelos princípios e regras da democracia.

É uma contradição EM considerar que a sua rede social X não deve impedir as fake news, os insultos, os incitamentos ao ódio e à violência, a discriminação por motivos políticos, raciais, xenófobos e homofóbicos, considerando que isso seria censura, ao mesmo tempo que procura censurar aqueles que nas redes sociais criticam e apontam defeitos aos carros elétricos fabricados pela sua empresa Tesla, usando o seu poderio económico para intimidá-los através de processos judiciais.

DT e o seu vice J D Vance, que antes de ser escolhido para o cargo questionava se DT seria o “Hitler dos Estados Unidos”, considerava-o um “desastre moral”, uma “fraude total” e “repreensível”, mostraram-se “preocupados” com a liberdade de expressão na Europa, com DT em mais uma das suas imbecilidades a afirmar “A Europa está a perder o seu maravilhoso direito à liberdade de expressão“, porque ao contrário do que se passa atualmente nos EUA, onde para DT e os oligarcas que o acompanham “liberdade de expressão” significa a total desregulamentação das redes sociais desde que isso sirva os seus interesses económicos e políticos.

Censura que se manifesta também através da coação mais ou menos velada sobre os media como acontece com Associated Press (AP), uma agência noticiosa independente fundada em 1846, que faz uma cobertura noticiosa global e cujos jornalistas foram banidos de cobrir quaisquer eventos na Casa Branca, mais uma decisão antidemocrática de DT em clara violação da Constituição dos EUA – 5.ª Emenda, porque a AP se recusou a aceitar a renomeação com efeitos globais do Golfo do México como Golfo da América, designação que só é válida para os EUA, enquanto não for internacionalmente reconhecida e aceite.

São estes protagonistas que promoveram e acobertaram atentados à democracia e à liberdade de expressão nos EUA, que se propõem agora dar lições de democracia e liberdade de expressão aos europeus e à Europa!

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