HRW acusa EUA de aplicar políticas migratórias discriminatórias
A organização Human Rights Watch (HRW) acusou hoje o Governo dos Estados Unidos de utilizar vários países como "bodes expiatórios" para justificar políticas migratórias "hostis" e "discriminatórias".
Em comunicado, a organização de defesa dos direitos humanos denuncia que as medidas de política migratória anunciadas por Washington representam uma "estigmatização oportunista" que não assenta em qualquer avaliação real de risco.
"Trata-se de usar nacionalidades inteiras como bodes expiatórios para justificar políticas discriminatórias", acusou a HRW.
As críticas surgem após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter declarado, em 26 de novembro, uma "pausa permanente" nos pedidos de asilo provenientes de "países do terceiro mundo", na sequência de um ataque em que um migrante afegão matou um soldado da Guarda Nacional e feriu outro.
A decisão foi acompanhada da suspensão de todos os procedimentos de imigração relativos a cidadãos de 19 países, incluindo Afeganistão, Cuba, Eritreia, Haiti, Irão, Líbia, Somália, Sudão, Venezuela e Iémen.
Segundo a HRW, o Governo norte-americano não apresentou qualquer prova de que cidadãos desses países representem maior ameaça para a segurança nacional, argumentando que a medida "revive e expande a lógica da infame 'proibição de entrada de muçulmanos' do primeiro mandato" de Trump (2017-2021).
A organização avisou ainda que as novas restrições violam obrigações internacionais dos EUA, nomeadamente o direito a procurar asilo, e terão consequências humanitárias graves.
"Estas políticas vão separar famílias, colocar em risco pessoas que fogem da perseguição e prejudicar ainda mais a credibilidade dos Estados Unidos em matéria de direitos humanos", argumenta a organização.