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Trump dá o seu nome a "Instituto da Paz" dos EUA na falta do Nobel

Foto DR/USIP
Foto DR/USIP

Donald Trump, que se apresenta como grande pacificador, manifestou-se hoje muito satisfeito por ver o seu nome gravado na fachada do Instituto Americano para a Paz, uma organização que tentou desmantelar.

O presidente americano aplaudiu a iniciativa ao presidir, quinta-feira, à assinatura do acordo de paz entre o Ruanda e a República Democrática do Congo (RD Congo), um dos oito conflitos que afirma ter resolvido desde a sua tomada de posse em janeiro.  

Dirigindo-se ao chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, presente na cerimónia, disse: "E obrigado por colocar um certo nome no edifício. Quando cheguei, pensei 'Oh, isso é bonito'. (...) É uma grande honra", afirmou o republicano de 79 anos.  

O Departamento de Estado tinha anunciado no dia anterior a decisão de atribuir o nome de Donald Trump àquele instituto mediante uma mensagem na rede social X, explicando que queria "homenagear o melhor negociador da história do nosso país".  

O edifício, localizado no coração de Washington, ostenta agora em relevo e com letras prateadas o nome "Donald J. Trump", acima do seu nome original: "United States Institute of Peace [Instituto da Paz dos Estados Unidos]".

O presidente americano também se mostrou muito entusiasmado com o próprio edifício, que descreveu como "magnífico e novinho em folha".

A construção da sede desta instituição terminou, na realidade, em 2011.

Mas foi este mesmo instituto, criado em 1984 sob a presidência de Ronald Reagan, que o atual presidente americano tentou desmantelar nos primeiros meses do seu segundo mandato, tal como outros organismos federais, demitindo a maior parte dos seus dirigentes.

Financiada pelo Congresso, esta organização independente sem fins lucrativos procurava sobretudo prevenir e resolver conflitos internacionais, e contava, até ao início deste ano, com investigadores especialistas em questões internacionais, funcionando como um think tank.

Donald Trump acredita que os seus esforços para terminar com vários conflitos no mundo - Gaza, Índia-Paquistão, Camboja-Tailândia, etc - deveriam valer para lhe atribuírem o Prémio Nobel da Paz.

Os especialistas realçam, no entanto, que a sua intervenção em alguns destes conflitos foi muito limitada ou mesmo inexistente.

No caso do conflito que há décadas opõe o Ruanda e a RD Congo, a assinatura do acordo de paz, que Donald Trump qualificou de "milagre", ocorreu enquanto combates violentos continuavam entre o grupo armado M23, apoiado por Kigali, e o exército congolês, apoiado por milícias, na província do Sul-Kivu (este da RD Congo).  

O milagre e antigo promotor imobiliário fez do seu nome uma marca, inscrita em letras cintilantes nas propriedades que possui. Parece querer continuar nessa linha no seu mandato presidencial.

Hoje, brincou com o nome da grande sala de espetáculos pública de Washington, o "Kennedy Center", que chamou de "Trump Kennedy Center". "Cometi um grande erro", disse depois, fazendo de conta que se desculpava após esta confusão propositada.

Um eleito republicano já propôs renomear o maior aeroporto que serve Washington, o Aeroporto Internacional Dulles, para "Aeroporto Donald Trump".

O presidente americano, entusiasta de obras, anunciou recentemente uma grande renovação desta infraestrutura.

Além disso, também supervisiona a construção de um gigantesco salão de baile na Casa Branca. Segundo a imprensa, ele estaria em conflito com o arquiteto responsável pelo projeto, que consideraria desproporcionado o tamanho do edifício pretendido pelo presidente.

Donald Trump também mandou colocar vários retratos seus na Casa Branca, rompendo com o costume que prevê que as efígies dos presidentes americanos só sejam expostas no edifício após o término dos seus mandatos.

Entre as decorações natalícias tradicionais da Casa Branca, este ano encontra-se, por exemplo, um retrato gigante do presidente em Lego.