A Madeira e o desafio da sustentabilidade turística!
A Madeira, para se afirmar como referência em turismo sustentável, exige de todos nós o reconhecimento de que a verdadeira competitividade da Região reside na capacidade de preservar, com rigor, o seu Património Natural para as gerações futuras. É preciso lembrar que o turismo sustentável não é apenas uma opção estratégica: é uma condição de sobrevivência para uma Região que vive e respira Natureza.
As decisões políticas sobre a pressão turística no meio natural devem assentar no princípio essencial de que o direito ao usufruto não pode sobrepor-se ao dever da Conservação. O crescimento económico, que se quer sustentável, tem, de estar em consonância com os valores ambientais que distinguem a Madeira. Nesse sentido, as medidas recentemente anunciadas pelo Governo Regional, que deverão entrar em vigor brevemente, podem constituir um passo importante à tão desejada sustentabilidade do destino. A limitação de visitantes e a implementação de sistemas de monitorização em determinados pontos turísticos evidenciam a consciência da necessidade urgente de compatibilizar a fruição do território com a preservação dos ecossistemas.
Contudo, é preciso fazer mais — e melhor. É crucial investir em soluções técnicas de definição de capacidades de carga e de circulação pelo território, controlo que a Engenharia coloca ao serviço da Conservação, com sistemas inteligentes de gestão de fluxos turísticos, mobilidade elétrica e infraestruturas sustentáveis, capazes de garantir o usufruto das áreas protegidas sem comprometer o seu equilíbrio. O incentivo à mobilidade coletiva e elétrica, através de benefícios fiscais ou taxas mais competitivas para operadores turísticos com boas práticas ambientais, poderá revelar-se um caminho adicional. Pelo contrário, decisões e atitudes que resistem a esta transição — como a criação de estacionamentos e outras infraestruturas em meio natural, ou a oposição de determinados sectores económicos a medidas sustentáveis — espelham uma visão limitada, que desvaloriza o destino.
A persistência do modelo assente no transporte individual, tal como se observa atualmente, tende não só a comprometer a experiência dos visitantes mais atentos e conscientes, como também a degradar de forma crescente o Ambiente Madeirense. Muito há a fazer em matéria de transporte coletivo de altitude.
As medidas de conservação só produzem efeitos com regulação, fiscalização e quadro sancionatório aos incumpridores.
Precisamos de um alinhamento responsável entre todos os sectores, públicos e privados, para que a Madeira continue a distinguir-se pela autenticidade das suas paisagens, pela singularidade da Laurissilva e pelo contacto genuíno com a Natureza. A adoção de políticas que aliem sustentabilidade e inovação, valorizando o contributo da Engenharia, é muito mais do que uma opção técnica: é visão de futuro!