"Sacar" foi a palavra mais pesquisada no dicionário Priberam em 2025
Sacar foi a palavra mais pesquisada no dicionário 'online' Priberam em 2025, sem ter relação direta com algum acontecimento marcante, mas muitas outras que refletiram a atualidade nacional e internacional, como indostânicos ou remissão, estiveram em destaque.
"A crise política em Portugal, desencadeada por uma 'moção' que provocou a demissão do governo e eleições legislativas, ou o 'cessar-fogo' em Gaza, cidade devastada pela 'desnutrição' que motivou uma 'flotilha' de apoio humanitário, são alguns dos eventos deste ano que influenciaram as pesquisas no Priberam" e que levaram à escolha de 24 palavras, feita com a Agência Lusa, que pelo nono ano consecutivo se juntou ao Priberam para selecionar as palavras mais pesquisadas e que ilustram o ano que está a terminar, esclarecem as duas entidades em comunicado.
As 24 palavras (duas por cada mês) que definiram o ano encontram-se disponíveis no 'site' oanoempalavras.pt, cada uma delas ilustrada com fotografias e notícias da Lusa sobre o evento em causa, e são apresentadas por ordem cronológica, de janeiro a dezembro, permitindo aceder diretamente ao significado de cada palavra no Dicionário Priberam e ao artigo da Lusa sobre a notícia que motivou as pesquisas.
"As palavras, ou às vezes apenas uma, são também uma maneira de olhar para o ano que nos acaba. A associação é instantânea e clara. Panteão recorda-nos Eça, moção a queda do Governo e as eleições, conclave o novo Papa, descarrilamento o elevador da Glória, cessar fogo a guerra em Gaza e até uma inusitada hérnia nos remete para um grave problema de Estado: a saúde do Presidente. Passámos por tudo isto e agora o ano aqui está, condensado em 24 palavras, sobre 24 magníficas fotografias, do melhor que a Lusa tem. É uma parceria conseguida -- a das palavras, das fotos, e da Lusa com a Priberam", destacou a diretora de informação da Lusa, Luísa Meireles.
Carlos Amaral, diretor executivo da Priberam, comentou, por sua vez, que este projeto "mostra de que forma a língua acompanha a atualidade" e que, com "a colaboração da Lusa, na qualidade dos textos noticiosos e das imagens, as pesquisas no Dicionário Priberam ganham uma contextualização, permitindo identificar tendências, preocupações e curiosidades que marcam cada ano" e oferecendo "uma forma distinta de rever o ano no mundo que nos rodeia".
De acordo com os promotores da iniciativa, o Ano em Palavras de 2025 oferece "uma visão plural do ano, cruzando política, diplomacia, cultura, arte, desporto, ciência, ambiente e temas sociais, compondo um retrato lexical, fotográfico e noticioso acessível".
Scut e Panteão foram as palavras que marcaram janeiro, mês em que a agenda pública foi marcada pelo fim das portagens nas SCUT e a trasladação de Eça de Queirós para o Panteão Nacional.
As palavras que caracterizaram fevereiro foram terras raras e fumos negros, por causa do início das conversações entre a Ucrânia e os Estados Unidos sobre terras raras, e da homenagem do FC Porto ao ex-presidente Pinto da Costa, que morreu aos 87 anos.
Março foi definido pelas palavras tarifas e moção, devido à imposição do aumento de tarifas de importação, por Donald Trump, e à queda do Governo português, após o chumbo de uma moção de confiança.
Em abril, o Vaticano anunciou um conclave para eleger o sucessor do Papa Francisco, e um apagão deixou a Península Ibérica sem eletricidade durante várias horas, o que justificou que as palavras mais procuradas tenham sido precisamente conclave e apagão.
As palavras de maio foram convulsões e labirintite, a propósito das convulsões captadas pelo fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que morreu aos 81 anos, e a labirintite do presidente do Brasil, Lula da Silva.
Em junho, as palavras eleitas foram selfie e atrocidade, por causa do episódio de um turista que danificou um quadro setecentista ao tentar tirar uma 'selfie' em Itália, e da crítica da ONU aos critérios aplicados a crimes de atrocidade.
Julho foi um mês marcado pelos vocábulos jota e talude, na sequência do acidente que vitimou os futebolistas Diogo Jota e André Silva e da demolição de barracas no Bairro do Talude Militar, que causaram forte impacto nacional.
Em agosto, o agravamento da desnutrição em Gaza e o incendiarismo responsável pelos fogos em Portugal dominaram as preocupações humanitárias e ambientais, ditando a escolha das palavras desnutrição e incendiarismo.
O trágico descarrilamento do elevador da Glória e as ações da flotilha Global Sumud fizeram com que descarrilamento e flotilha fossem as palavras em destaque no mês de setembro.
O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas e a aprovação da lei que proíbe a burca em espaços públicos fizeram de cessar-fogo e burca as palavras de outubro.
Novembro foi o mês dos termos temperança e bambu, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter evocado a temperança no cinquentenário do 25 de novembro e de um incêndio em Hong Kong ter demonstrado os riscos de andaimes de bambu.
Por fim, dezembro ficou marcado por hérnia e revelia, devido à notícia da hérnia encarcerada de Marcelo Rebelo de Sousa, assim como da condenação à revelia no Irão do cineasta premiado em Cannes 2025, Jafar Panahi.
Outras pesquisas que estiveram em destaque em 2025 no Priberam, e que refletem a atualidade, incluem indostânicos, remissão (do cancro da Princesa de Gales), pneumonia (do Papa Francisco), brutalista e napa (a propósito dos Óscares e do Festival da Canção), verificação (nas redes sociais), dobradinha (do Sporting no campeonato e na taça de Portugal), reprivatização (da TAP), hambúrguer e moderado (episódios da política nacional), supertufão (na Ásia), improcedente (humorista processada por sketch foi absolvida), megaoperação (da polícia do Rio de Janeiro contra grupo de crime organizado), surdolímpico (Portugal conquistou três medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze nos Jogos Surdolímpicos), tarefeiro (médicos tarefeiros e SNS) ou ainda greve geral.
Segundo o comunicado dos organizadores, o Dicionário Priberam incorporou perto de 5.000 novos vocábulos e locuções, mais de 6.000 sinónimos e de 300 antónimos, totalizando agora mais de 172.300 entradas e mais de 279.300 definições.
Brasil e Portugal continuam a ser os primeiros países na lista da proveniência das pesquisas, com a novidade de a China e Singapura passarem a ocupar o 3.º e 4.º lugares, à frente de Angola e Moçambique.
Os dispositivos móveis, em particular os baseados no sistema operativo Android, lideraram o número de acessos.