Respeitar a opinião do outro?!
Ainda recentemente em conversa amena com um “amigo” estivemos a falar sobre o “respeitar a opinião do outro”.
Há dias em que o mundo parece um grande café onde toda a gente fala ao mesmo tempo. Uns levantam a voz para se fazer ouvir, outros murmuram certezas como quem guarda segredos antigos, e há ainda quem fale só porque tem medo do silêncio. No meio deste burburinho infinito, surge sempre a mesma pergunta: devemos respeitar todas as opiniões?
A resposta, embora simples, não cabe num sim ou num não.
Porque respeitar não é ajoelhar perante qualquer ideia, nem tratá-la como uma verdade embrulhada em papel dourado. Respeitar, no seu sentido mais limpo, é outra coisa: é ouvir sem humilhar, é permitir que o outro fale sem lhe puxar o tapete, é reconhecer que a dignidade humana não se perde apenas porque alguém pensa de forma diferente.
Mas o respeito pelas pessoas não é um escudo para proteger tudo o que elas dizem. Há opiniões que, mal abrem a boca, trazem um vento frio: ideias que nascem do ódio, da violência, da vontade de diminuir os outros. Essas, por mais educadamente que se ouçam, não merecem palco. Não porque nos incomodam, mas porque ferem — e ferem sempre os mesmos.
Numa sociedade democrática, não se pede que coloquemos todas as opiniões ao mesmo nível, como quem expõe frutas no mercado. Algumas são maduras e nutritivas; outras, mesmo de longe, já se percebe que estão estragadas. E, ainda assim, continuam a aparecer, embrulhadas em palavras bonitas, tentando convencer que têm o mesmo valor.
A verdade é esta: respeitamos as pessoas, mas avaliamos as ideias.
E, quando necessário, dizemos “não”. Não ao preconceito disfarçado de opinião. Não à violência escondida em frases brandas. Não à desinformação que se espalha como erva daninha.
Talvez, no fim, seja esse o verdadeiro respeito: escutar, refletir e, se for preciso, recusar, sem deixar de ver humanidade no rosto de quem fala. Porque discordar não é desrespeitar. E proteger a dignidade de todos é o primeiro passo para que a conversa, essa que atravessa cafés e redes sociais, possa continuar sem se transformar num campo de batalha.
José Augusto de Sousa Martins