Da Quinta Falcão para a Casa Branca

Nestes últimos dias, após a entrevista (pela segunda vez) de Cristiano Ronaldo ao repórter britânico Piers Morgan, publicada no dia 07/11, onde, entre outras coisas, o entrevistado manifesta o desejo de conhecer pessoalmente o então presidente dos EUA, Donald Trump — personagem que tem causado muita polémica em setores mais à esquerda e associado a uma direita radical —, vimos novamente o mundo demonstrar que muitos não admitem a existência de democracia quando alguém pensa de forma diferente. Para alguns, só há democracia quando todos pensam e agem como eles. Se alguém for mais liberal ou conservador, e acreditar que cada um deve ser tutor do seu próprio destino, libertando-se das amarras governamentais, é rotulado de tudo o que não presta pelos pseudo-democratas.

Não é irónico que grande parte da comunicação social condene justamente aqueles que, vindo do nada, deixam de ser “mendigos” e tornam-se bilionários graças ao trabalho, empenho, esforço, abnegação, dedicação e sacrifício? Pessoas que pegam num país massacrado pela corrupção, egoísmo, demagogia e hipocrisia, e através da sua imagem fazem o mundo falar de nós de forma positiva, como no desporto-rei.

Estamos a falar de um jovem que, aos 11 anos, com o apoio da família, conseguiu realizar um sonho e manter laços familiares fortes e relevantes, elevando-os a um patamar de excelência. Um atleta que se tornou a figura desportiva mais mediática do planeta nesta década, nascido nesta pequena terra onde a inveja parece ser o sentimento mais promovido. E agora querem crucificá-lo porque simpatiza com alguém que não agrada a todos?

Afinal, quem somos nós para escolher com quem cada um deve ou não se identificar e gostar? Acaso alguém que não gostava de Fidel Castro, criticou Marques Mendes por se encontrar com essa figura? Alguém alguma vez criticou Jorge Sampaio, então Presidente da República, assumidamente agnóstico, por ter um encontro com o Papa? Mais recentemente, alguém condenou Marcelo Rebelo de Sousa por ir a Angola e curvar-se perante João Lourenço, depois deste ter acusado os portugueses de exploradores de escravos?

O que muitos puritanos e invejosos criticam em Cristiano Ronaldo é apenas o facto de não terem a capacidade e a coragem de analisar as circunstâncias em que esta visita é programada. E não vale a pena perder tempo com explicações: CR7 não precisa de “advogados do diabo”. Ele está num nível acima de todos nós; o seu legado merece apenas que respeitemos a vontade de cada um.

Para muitos, ele é o ídolo da atualidade e representa o Homem que, com esforço próprio, consegue ter o “mundo a seus pés”, enquanto outros se roem de inveja por não conseguirem conquistar sequer a simpatia do vizinho do lado. São esses comportamentos que, a cada dia, fazem o povo perceber a realidade: quem está com o povo e quem os que condenam aqueles que conquistam o seu espaço de forma digna, honesta e firme. Quando a verdade chega, o medo desaparece, e a coragem faz renascer a esperança em nome de uma verdade que a sociedade tenta encobrir e o mundo manipula e insiste em ocultar.

É preciso ter coragem para mudar Portugal, começando por valorizar aquilo que realmente tem valor: a seriedade e o mérito de quem trabalha. Portugal só será grande quando o trabalho for valorizado, porque existem por aí muitos que se ofendem e condenam quem os manda trabalhar.

A. J. Ferreira