Votação histórica no maior clube do Mundo!
É um orgulho fazer parte do Sport Lisboa e Benfica! Quando dizem que é apenas desporto e que não deveria ter tanta importância, eu respondo algo mais profundo. O futebol desperta paixões, muitas vezes difíceis de compreender e de aceitar por quem não tem este “vício” entranhado no corpo mas na verdade é o ponto de equilíbrio e a única satisfação de quem passa por momentos difíceis e tem poucas razões para sorrir. Uma vitória do clube, para um adepto ferrenho, é capaz de transformar o seu dia e melhorar o seu humor. É a forma de muitos encontrarem força, de recolherem algum animo e também um motivo para se estabelecerem conversas, de se estimularem relações e de combater a solidão. Costumo dar o meu exemplo, dia de jogo é normalmente dia de partilha com o meu Pai. Não vivemos na mesma cidade e por isso não conseguimos estar juntos o tempo que gostaríamos. Aproveitamos por isso os jogos para pôr a conversa em dia, para usufruirmos da companhia um do outro. É assim desde sempre, recordo-me de ir pela mão Dele ao velhinho Estádio da Luz, muitas vezes sem bilhete, ficar sentado nas antigas escadas que davam acesso aos corredores das cadeiras, ali ao lado a sofrer. Nesse tempo distante, a minha mãe preparava-nos umas sandes para o caminho, a viagem era longa e os acessos mais complicados mas a paixão valia por todas as dificuldades. E lá ia eu de bandeirinha na mão, com a camisola vermelha vestida.
Ontem quando fui votar recordei-me de todos esses tempos mágicos em que passava a noite a sonhar com “o dia de amanhã” e em que que me levantava da cama num ápice com a alegria própria de uma criança. Acordei bem cedo e fui para o Estádio à espera dele, para mais uma vez, votarmos juntos. Na caminhada que nos levou desde a entrada do Centro Comercial Colombo até ao Pavilhão, foi tempo de falarmos da vida e do Mundo, como sempre fizemos. É avassaladora a forma como o clube nos une, pais e filhos, avós e netos, crianças e idosos, todos na mesma partilha de um espirito incomum que nos move e nos fascina. O sentimento no Benfica é único por muito que possam pensar enviesada esta opinião. Não existe emblema com esta força, com a capacidade de regeneração e de mobilização. Isso viu-se ontem em que foram batidos todos os recordes, numa afluência sem igual, que demonstra a vitalidade de uma massa associativa impar, que faz quilómetros e altera planos na sua vida para apoiar e vibrar com o cachecol ao pescoço e um amor ao símbolo que carregam ao peito.
Os maiores clubes são os que ganham mais? São os que ganham no momento em que se faz essa avaliação? Não. Eu acho que é a mística que carregam nos braços, a determinação da história, a projeção para o futuro e a devoção que nenhum dinheiro pode comprar. O Benfica é por isso, como demonstram estas eleições, uma força da natureza, em que a democracia vence para lá dos números e em que são (ainda) os sócios que ditam as leis. Essa é a razão de ter começado esta crónica pelo orgulho. Orgulho numa imensidão de adeptos que provocaram a maior votação de sempre num clube de futebol, superando por larga margem as eleições do Barcelona, que disseram presente e aguentaram horas à chuva, que não arredaram pé perante longas filas e quiseram dizer presente.
Foi por isso um dia histórico, mais um capítulo épico de uma vida já longa, feita de muitas vitórias e de algumas derrotas também, que nos fizeram crescer. Sinto-me um privilegiado por poder fazer parte, por dar o meu contributo e por assistir a uma tamanha onda vermelha que encheu o país e se estendeu a vários cantos da lusofonia. Por isso não, não é apenas desporto, não é apenas um clube de futebol, é uma forma de estar e de ser, é paixão, é amor, é entrega e é um acreditar que se estende depois ao nosso dia a dia e nos transforma. Que seja sempre assim, com respeito e com desportivismo num clube com uma dimensão social brutal. Uma grandeza ímpar que está à vista de todos. De quem sou eu? Sou do Sport Lisboa e Benfica!
Frases soltas:
Alguém concorda com esta mudança da hora? Esta madrugada voltámos a atrasar os relógios permitindo que os dias anoiteçam mais cedo. Isso torna-nos mais pesados, taciturnos e tristonhos. Acredito que houve um tempo em que fazia sentido esta alteração mas hoje não lhe vejo utilidade nenhuma. Não vejo sequer que seja do agrado alguém. E que tal rever o assunto?
Mariana Mortágua assumiu que não se recandidata a um novo mandato no Bloco de Esquerda. É o fim de um ciclo que levou o partido ao fundo. O mundo mudou e a esquerda radical perdeu espaço. Veremos como se irá refundar.