Agonia

De alguém, em evidente agonia, espera-se que produza, em linguagem escrita ou falada, reminiscências do passado, mais do que previsões do futuro. As poucas do passado que foram registadas constam de textos bíblicos ou de livros semelhantes. As que predizem o futuro são, a mais das vezes, um completo falhanço.

É que não basta estar com a corda no pescoço e dizer qualquer coisa que vai acontecer, daí por avante. Essa predição, a mais das vezes é mera maldição do condenado, e nunca significa um destino incontornável.

Miguel Albuquerque está morto (politicamente falando, continua claro). Na sua agonia, lança mão dos moribundos do PSD (que se prestaram a esse serviço) para ir a Belém, pedir ao presidente Marcelo que lhe dê eleições imediatas. Para quê: para liderar a última vitória do PSD/Madeira, antes da derrota final. A qual será a completa desconstrução do partido que diz liderar, e a entrega do poder à oposição.

O Presidente, mais sabido do que ele, trocou-lhe as voltas. Vai convocar o Conselho de Estado para 17 de Janeiro. Quanto a eleições, logo se verá.

A completar o desespero, Albuquerque admite inserir Manuel António nas suas considerações políticas, sem esclarecer se será na lista de deputados, se num eventual governo. A proposta, é evidente, só pode ser recusada.

Se Albuquerque, com seriedade, quisesse promover a união e futura consistência do PSD enquanto partido liderante, teria de ter avançado com esta proposta logo após o último congresso do PSD/Madeira.

Agora, vem muito atrasado, porque a dinâmica

política já o pôs de lado no que toca a considerações futuras. Se avançar com a sua maioria relativa, está condenado, porque todos os outros fogem dele ou lhe retirarão o tapete na primeira vez que isso for crucial. Voltará a instabilidade e Albuquerque terá de entrar, de vez, na sepultura que recusou.

Aguardamos, Senhor Presidente da República, o seu ditame, sendo certo que dele resultará, em grande parte, o futuro da nossa Região.

João Cristiano Loja