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Os cuidados de saúde não podem ser uma miragem

Metade da população mundial não beneficia da cobertura de serviços de saúde essenciais

A saúde é o bem mais precioso que temos, sendo assumida como um conceito amplo que vai para além da simples ausência de doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, indo para além do estar saudável ou livre de doenças, ou seja, necessitamos de estar bem na nossa saúde mental e nas nossas relações familiares e sociais.

A sete de abril assinala-se o Dia Mundial da Saúde, data criada pela (OMS) para assinalar o aniversário desta organização tendo como objetivo sensibilizar e educar as pessoas para a importância dos cuidados que todos devemos ter com a nossa saúde individual e coletiva. Em cada ano é selecionada uma temática no sentido de sensibilizar e reforçar a mensagem para aspetos importantes do nosso quotidiano nomeadamente adotando estilos de vida saudáveis, monitorizado sistematicamente pelos profissionais de saúde com o objetivo de promover a saúde e prevenir a doença para que todos, onde quer que estejam, possam atingir o mais alto nível de saúde e bem-estar.

Para o corrente ano a temática escolhida foi “A Minha Saúde, O Meu Direito” destacando a importância de preservar o direito à saúde individual e a necessidade de melhorar os serviços de saúde de forma que todos tenhamos acesso universal aos cuidados de saúde com qualidade e segurança. É um direito fundamental de todos os seres humanos, onde cada um deve cuidar da sua saúde contribuindo desta forma para a saúde da comunidade elevando os níveis de bem-estar da sociedade onde se inserem.

Os preocupantes indicadores a nível mundial demonstram o longo caminho que é necessário continuar a fazer; milhões de pessoas estão sujeitas a novas doenças, e patologias crónicas impulsionadas pelas alterações climáticas, muitas encontram-se ameaçadas por desastres naturais e por vários conflitos que destroem recursos e impedem o acesso de muitas pessoas aos cuidados de saúde.

Os números confrontam-nos com esta dura realidade, metade da população mundial não beneficia da cobertura de serviços de saúde essenciais, muitos não garantem a qualidade e as condições de segurança mínimas, por outro lado mais de cem milhões de pessoas vivem na pobreza extrema, oitocentos milhões de pessoas gastam aproximadamente dez por cento dos seus orçamentos familiares para terem acesso a cuidados de saúde, o desafio assumido pela (OMS) é que até 2030 todos os seus estados membros devem efetivar a cobertura universal em cuidados de saúde (CUS).

Na passagem dos 50 anos do 25 de Abril em Portugal é fundamental recordar que o serviço público de saúde instituído com a democracia foi uma conquista civilizacional para o país, é através dele que se concretiza o direito que todo o cidadão tem a cuidados de saúde independentemente das suas condições económicas e sociais.

Apesar das dificuldades detetadas nomeadamente a crónica fragilidade financeira, as intempestivas alterações na organização e gestão dos serviços da assumida coexistência entre financiamento público e medicina convencionada, da persistente carência de profissionais e trabalhadores do setor, particularmente enfermeiros, os indicadores de saúde têm evoluído favoravelmente, o investimento em saúde não pode ser visto como um gasto, mas como uma aposta na melhoria dos serviços assim como na qualidade e segurança dos cuidados, com impacto no desenvolvimento do país.