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Lutemos contra a desinformação em plena crise política

Sabemos que a confusão originada por falta de informação transparente dá azo a desinformação. A crise política instalada na Região tem feito com que conteúdos desinformativos dominem não só algumas conversas de café e corredores, como também publicações nas redes sociais.

O que aconteceu na Madeira deixa-nos, a todos, de uma forma geral, preocupados com o futuro. E é normal. O forte mediatismo ajuda a aumentar a inquietação. Compreender, efetivamente, todos os meandros não é uma tarefa simples, sobretudo para quem não domina matérias judiciais e confunde naturalmente os conceitos de segredo de justiça, direito à informação e liberdade de imprensa, nem percebe todos os preceitos consagrados na Constituição da República Portuguesa e no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira.

E não é para menos! Para além de todo o alvoroço devido ao escândalo provocado pela detenção, no dia 24 de janeiro de 2024, por suspeitas de corrupção, de Pedro Calado, ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal, e dos empresários Avelino Farinha, da AFA, e Custódio Correia, da Socicorreia, uns dias depois é também constituído arguido Miguel Albuquerque, presidente do Governo (agora em gestão), que veio de imediato a público afirmar que não se demitia.

Depois, foram surgindo vários cenários, nomeadamente a reviravolta provocada pelo PAN, que retirou o apoio político ao Chefe do Executivo, exigindo a sua demissão. Albuquerque volta então atrás na sua decisão e apresenta a sua demissão, para não deixar cair por terra o acordo de incidência parlamentar. Contudo, os impasses em torno da sua renúncia ao mandato, do timing da aprovação ou não do Orçamento da Região e da possível constituição de um novo governo têm sido demasiado confusos para quem não entende muito de política. É que, depois de várias semanas, Albuquerque se mantém a liderar, ainda que em gestão. Este ‘entretanto’ pode baralhar-nos. Afinal, vai ser substituído? Aqueles nomes todos que foram sendo apresentados na comunicação social não eram de possíveis sucessores? O PSD mantém-se no poder? O Orçamento é ou não aprovado? Vamos perder ou não verbas do PRR? Vai ou não haver eleições?

É que, no meio disto tudo, os partidos da oposição apresentam diversas acusações ao Executivo e reivindicam eleições antecipadas. Revela-se, ainda, uma impressionante oposição interna social-democrata, que não pára de apresentar nas redes sociais e nos órgãos de comunicação social possíveis candidatos à sucessão. E são tantos que podem mesmo evidenciar falta de unidade dentro do partido que detém o poder. Para colmatar, das investigações, vão-se revelando a pouco e pouco pormenores chocantes e, assim, a novela vai-se compondo com tudo o que é preciso para que as revelações e o suspense nos mantenham cada vez mais interessados, mas também mais confusos.

É por isso que a luta contra a desinformação tem de ser constante e, como tal, neste momento delicado que vivemos, a transparência deveria reinar. Como infelizmente não tem sido assim, a seleção do que se propaga é essencial. Cabe a cada um de nós validar a informação que difunde, seja em conversas ou através de partilhas nas nossas redes sociais, via Instagram, Facebook, Telegram, WhatsApp ou outra. Não importa se o emissor é alguém da chefia, um amigo/a, familiar, vizinho/a ou um conhecido. Temos sempre de desconfiar e verificar os conteúdos que eventualmente partilhamos.

Quanto à verificação de conteúdos, merece destaque o papel que o fact-checking tem assumido em termos regionais. Com o intuito de esclarecer e alertar o leitor, numa fase pós-acontecimento, os jornais da Região passaram recentemente a explicar e a verificar conteúdos de carácter duvidoso. Bem-haja!