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Fotojornalista bielorrusso incorre em 6 anos de prisão por cobertura de protestos

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Foto Shutterstock

O fotojornalista bielorrusso Alyaksandr Zyankou, acusado pelas autoridades de "participação num grupo extremista" por cobrir protestos anti-regime, incorre numa pena de seis anos de prisão num caso cujo julgamento teve hoje início no Tribunal de Minsk.

Citada pela AP, a Associação Independente de Jornalistas da Bielorrússia relatou como o estado de saúde de Zyankou, detido desde junho, se tem deteriorado.

"Zyankou estava apenas a tirar fotografias para relatar as repressões brutais na Bielorrússia, mas as autoridades odeiam qualquer pessoa que fale ou tire imagens de terror político no país", segundo o dirigente da associação, Andrei Bastunets.

O mesmo responsável apelidou a Bielorrússia de "país mais repressivo da Europa" e onde a "tentativa de liberdade de expressão é punida com prisão."

Atualmente, estão detidos 33 jornalistas bielorrussos, a aguardar julgamento ou a cumprir pena.

Após os grandes protestos desencadeados pelas eleições de agosto de 2020, que garantiram um sexto mandato ao ditador Alexander Lukashenko, as autoridades bielorrussas reprimiram os opositores.

A votação de 2020 foi considerada fraudulenta pela oposição e pelo Ocidente.

Os protestos prolongaram-se por vários meses, com centenas de milhares de pessoas nas ruas, tendo mais de 35 mil manifestantes sido presos, enquanto milhares foram espancadas sob custódia policial e centenas de meios de comunicação independentes e organizações não-governamentais foram encerrados e proibidos.

Mais de 1.400 presos políticos continuam atrás das grades, incluindo líderes de partidos da oposição e o ativista e vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2022, Ales Bialiatski.

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) condenou veementemente a repressão.

"No ano passado, as autoridades bielorrussas redobraram os seus esforços para criar um vazio de informação sobre a violenta repressão, isolando os presos políticos do mundo exterior e intimidando os seus advogados e famílias para que se calem", afirmou em comunicado na quinta-feira Anastasiia Kruope da HRW.

A "repressão generalizada continua num vazio de informação que está a expandir-se", adiantou.