Mundo

Marraquexe entre as cidades mais atingidas pelo sismo

None
Foto Twitter

Apelidada de "Cidade Ocre" e meca do turismo marroquino, Marraquexe foi atingida pelo forte sismo que na sexta-feira à noite matou pelo menos 820 pessoas, principalmente no interior rural montanhoso e de difícil acesso.

Situada no centro-sul do país, Marraquexe está entre as cinco primeiras cidades do reino em termos de população, atrás de Casablanca e Tânger, com cerca de um milhão de habitantes, segundo dados citados pela agência francesa AFP.

Pelo menos 2,3 milhões de visitantes percorreram este ano as ruas estreitas da medina, ou cidade velha, declarada Património Mundial pela UNESCO em 1985, cujos edifícios de adobe foram particularmente danificados pelo terramoto.

A medina é uma das maiores do Norte de África, com 700 hectares, e está sob a proteção do organismo internacional pelo significado cultural que "transcende as fronteiras físicas e políticas".

É, por isso, "património comum universal e excecional", segundo a UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

Um passeio pelas ruas estreitas, hoje de manhã, revelou dezenas de casas degradadas, algumas semidestruídas, segundo a agência espanhola EFE.

Rodeada por várias muralhas, formando várias portas, a cidade velha representa o coração animado da cidade, com bazares, museus e esplanadas.

Todos estes locais se abrem para a mítica Praça Jemaa el Fna, incluída na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2008, onde centenas de pessoas se juntaram com medo das réplicas do sismo.

As pessoas afetadas pelo terramoto substituíram as atividades e os espetáculos habituais, como os encantadores de serpentes, os acrobatas, os tatuadores e os músicos, mas sobretudo os contadores de histórias.

"Estávamos a passear na Jemaa el-Fna quando a terra começou a tremer, foi uma sensação realmente espantosa", disse Houda Outassaf, residente na cidade à agência francesa AFP.

"Estamos sãos e salvos, mas ainda estou em choque. Pelo menos 10 membros da minha família morreram em Ijoukak [comuna rural de Al-Haouz]. Não posso acreditar, porque não há mais de dois dias estava com eles", acrescentou.

O balanço provisório do Governo marroquino era de 820 mortos e 672 feridos, dos quais 250 em estado grave.

O centro regional de transfusão de sangue de Marraquexe apelou aos habitantes para que doassem doar sangue para os feridos.

"Foi como um rio a transbordar. Os gritos e os choros eram insuportáveis", disse outro residente local à AFP.

O instituto de Geofísica de Marrocos disse que o sismo atingiu a magnitude 7,0 na escala de Richter, com epicentro na localidade de Ighil, a cerca de 80 quilómetros a sudoeste de Marraquexe.

Fundada em 1070-1072 pelos almorávidas (1056-1147), Marraquexe foi durante muito tempo um importante centro político, económico e cultural do Ocidente muçulmano, com grande influência em todo o Norte de África e na Andaluzia, segundo a EFE.

Vários edifícios datam deste período, como a Mesquita Kutubiya, as muralhas com ameias e os portões monumentais.

O palmeiral de Marraquexe, um dos mais antigos do país (século XI), é outra grande atração turística.

Situado no norte da cidade, é composto por mais de 100 mil palmeiras, cobre 16 mil hectares e é irrigado por um complexo sistema de poços e canais.

Ao longo dos tempos, a cidade foi adornada com outras joias arquitetónicas, como a madraça de Ben Yussef, os túmulos saadianos, numerosas mansões imponentes e a Praça Jamaa El Fna, assinala o 'site' da UNESCO.