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Presidente do Chile apela ao "maior consenso possível" na redação da nova Constituição

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O Presidente do Chile, Gabriel Boric, reconheceu hoje "preocupação" pela conclusão do segundo processo constituinte devido à falta de consenso no organismo que redige a nova proposta de Constituição e pediu o "maior consenso possível" para concluir o processo.

"Estou preocupado com o êxito do processo e pelos que pretendem contrariá-lo", assegurou Boric, um antigo ativista da esquerda chilena, em declarações aos 'media'.

O Conselho constitucional, onde a extrema-direita e a direita tradicional garantem maioria com 33 dos 50 lugares, redige desde junho um esboço da lei fundamental que deverá ser submetida a referendo nacional em 17 de dezembro.

As sondagens indicam que está a aumentar a oposição ao texto e que uma maioria de chilenos poderá voltar contra, como sucedeu há um ano com a primeira proposta da nova Constituição elaborada por um organismo com maioria progressista e que propunha amplas alterações.

Na semana passada o Conselho constitucional aprovou vários artigos que originaram forte polémica, incluindo o "direito à vida de quem está para nascer", a expulsão dos migrantes ilegais e a isenção de impostos à primeira habitação, medida que beneficia as pessoas com maiores rendimentos.

Boric, que apoiou o primeiro esboço constitucional e registou uma dura derrota no referendo de setembro, disse hoje que a nova Constituição "deve refletir os consensos entre todos os chilenos e não apenas de um setor".

O chefe de Estado, opositor do modelo neoliberal inserido na atual Constituição em vigor desde a ditadura militar (1973-1990), apelou a que sejam "escutadas as vozes que se erguem e pretendem o maior consenso possível", indicou a agência noticiosa Efe.

Responsáveis de diversas áreas políticas, incluindo representantes do Chile Vamos, a coligação de direita tradicional, pediram nos últimos dias ao Conselho que altere a sua posição e rediga um texto que se aproxime da proposta elaborada entre março e julho por um grupo de peritos designados pelo Parlamento.

O Partido Republicano (extrema-direita), que pretende manter a atual Constituição, garante 22 dos 50 lugares, garantindo-lhe poder de veto sobre as normas do texto.

Os partidários de Boric possuem 16 lugares, o Chile Vamos 11, para além de um conselheiro indígena independente alinhado com as posições da esquerda.

"Apenas me interessa que o processo constitucional decorra bem, espero que se alcance o maior consenso possível", assegurou Boric.