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Editorial

Avisos à navegação

Da noite em que foram mais os derrotados do que os vencedores sobram vários avisos à navegação democrática, antes mesmo de sabermos quem irá garantir a Miguel Albuquerque a anunciada “fossadinha” - os direitos de autor deste termo são de Pedro Nunes, comentador na emissão televisiva do DIÁRIO! - embora tudo indique que o PAN, que está obrigado a plantar 3.046 árvores, terá iniciado conversações em nome da governabilidade da Região e da maioria absoluta e parlamentar que evitará a demissão do líder social-democrata.

Fica o aviso ao PSD, outrora com máquina hábil e ágil, mas que à custa de amadorismos galopantes, inabilidades discursivas, coligações precoces e arrogâncias perigosas não conseguiu estancar a dispersão de votos que retirou eficácia à aliança engendrada com o CDS, a menos que o objectivo de tamanho arranjo passasse pela absorção dos vestígios centristas.

Fica o aviso aos socialistas que perderam 22 mil votos e 8 deputados em quatro anos para que definam sem medos estratégias assertivas de forma atempada para que dependam menos de modas e mais de grandes causas. Não permitir perguntas na noite de muitas dúvidas é um mau começo.

Fica ao aviso ao JPP, que embora repetindo os 5 mandatos de 2015, com mais votos do que então, poderia hoje ter uma outra dimensão e consistência, se não desse tiros nos pés e não se desterrasse com brigas domésticas.

Fica o aviso às nove forças eleitas para que não se habituem às mordomias democráticas, ou aos caprichos parlamentares resultantes dos pequenos poderes, de modo a que comecem desde cedo a rever leis que, como estão, apenas prolongam absurdos democráticos.

Fica o aviso aos que subestimam a maturidade do eleitorado madeirense que arranja sempre forma de concentrar o voto de protesto em forças que mesmo não tendo representatividade eloquente na Região ganham fôlego sempre que alguns se desleixam. Desta vez, foi no Chega.

Fica o aviso a quem julga que a desinformação se aniquila com pensos rápidos. Se não houver uma verdadeira e determinada frente de combate à iliteracia mediática, os futuros de governos da Madeira não se resolvem com negociações, a três ou a quatro, apesar da desejada estabilidade. Por este andar, antes de embater com estrondo no rochedo na próxima paragem, a ‘arca de Noé’ arrisca-se a ir ao fundo.