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Acusado de planear 11 de Setembro declarado inapto para julgamento

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O tribunal militar norte-americano de Guantánamo decidiu que um dos acusados de planear os ataques de 11 de Setembro não pode ser julgado, devido às consequências psicológicas ligadas à tortura que sofreu durante a sua detenção.

O iemenita Ramzi bin al-Shibh, de 51 anos, deveria comparecer ao lado de outros quatro réus num julgamento onde enfrentam a pena de morte.

No entanto, o coronel Matthew McCall, juiz militar, decidiu que as sequelas psicológicas do iemenita o impedem de se defender, confirmou à agência Associated Press (AP) o porta-voz da comissão militar de Guantánamo, Ronald Flesvig.

A decisão significa que Ramzi bin al-Shibh não será julgado juntamente com os outros co-réus, sendo que o processo prosseguirá sem o iemenita.

Os médicos da base norte-americana de Guantánamo, localizada na ilha de Cuba, diagnosticaram Ramzi bin al-Shibh com transtorno de stresse pós-traumático e características psicóticas, além de transtorno delirante.

Psiquiatras militares referiram que sua condição o tornou "incapaz de compreender a natureza do processo contra ele ou de cooperar de forma inteligente" com a sua equipe de defesa, tinha noticiado anteriormente o jornal o New York Times.

Ramzi bin al-Shibh queixa-se há anos de ser "atormentado por forças invisíveis que fazem mexer a sua cama e a sua cela e que picam os seus órgãos genitais, privando-o do sono", acrescentou o jornal.

O seu advogado, David Bruck, alegou que o seu cliente foi torturado pela CIA e que enlouqueceu como resultado do que a agência chamou de "técnicas aprimoradas de interrogatório", que incluem privação de sono, simulação de afogamento e agressões.

O iemenita devia ter participado hoje no processo de prejulgamento com Khaled Sheikh Mohammed, considerado o mentor dos ataques de 11 de Setembro, e os outros três réus, todos detidos há mais de quinze anos em Guantánamo e ainda não julgados pelo tribunal militar responsável por fazê-lo.

Al-Shibh é acusado de organizar o grupo dos 19 sequestradores que realizaram os ataques que mataram quase 3.000 pessoas.

Bruck indicou que al-Shibh deverá permanecer sob custódia se for considerado incompetente para ser julgado.