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Navalny exorta russos a continuarem a "resistir" após a sua nova condenação

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O opositor russo encarcerado Alexei Navalny exortou hoje os russos a continuarem a "resistir" ao regime, após a sua condenação a 19 anos de prisão por "extremismo", pena que ele disse considerar uma "condenação a prisão perpétua".

"Estão a obrigar-vos a abandonar a vossa Rússia sem combater o bando de traidores, de ladrões e de canalhas que tomou o poder. [O Presidente russo, Vladimir] Putin não pode atingir o seu objetivo. Não percam a vontade de resistir", escreveu Navalny numa mensagem divulgada na sua página da rede social Facebook pela sua equipa de defesa.

No 18.º mês da sua guerra de agressão na Ucrânia, a Rússia está a ser palco de uma vaga de repressão inédita, e a quase totalidade dos opositores mais destacados foi enfiada na prisão ou forçada ao exílio. Milhares de cidadãos comuns estão também a ser perseguidos, em particular por terem condenado o conflito.

Condenado em 2022 a nove anos de prisão por fraude num processo que classificou como vingança política, Navalny estava desde junho a ser julgado à porta fechada por "extremismo", no estabelecimento penitenciário IK-6 de Melekhovo, situado a cerca de 250 quilómetros a leste de Moscovo, onde se encontra a cumprir pena.

O opositor russo era desta vez acusado de ter criado uma "organização extremista". O grupo que fundou, o Fundo Anticorrupção (FBK), já tinha sido encerrado pelas autoridades russas em 2021 por "extremismo", não só devido às suas atividades na denúncia de corrupção, como a declarações dos seus principais funcionários.

Foi a sua quinta condenação criminal -- todas elas consideradas pelos seus apoiantes como uma estratégia deliberada do Kremlin (Presidência russa) para silenciar o seu mais feroz opositor.

A acusação tinha pedido 20 anos de prisão e o próprio político de 47 anos afirmou, segundo uma mensagem divulgada na quinta-feira nas redes sociais pelos seus familiares, que esperava receber uma pena pesada, "longa, estaliniana".

"Isso não é muito importante, porque se segue o caso de terrorismo. Serão 10 anos ou mais", comentou então Navalny, que se diz alvo de uma acusação de "terrorismo" num processo à parte, do qual são até agora conhecidos muito poucos pormenores.

O político encontra-se há meses numa minúscula cela individual, também designada como "cela de castigo", por alegado incumprimento de normas disciplinares, como uma suposta falha em abotoar devidamente as suas roupas da prisão, apresentar-se adequadamente a um guarda ou lavar a cara a uma hora específica.

A acusação pediu ao tribunal que ordenasse que Navalny cumpra qualquer nova pena de prisão num estabelecimento prisional de "regime especial", um termo que se refere a prisões russas com o mais elevado grau de segurança e as mais rígidas condições de encarceramento que, segundo a rei russa estipula, se destinam condenados a prisão perpétua ou "reincidentes especialmente perigosos".