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EUA "condenam firmemente" pena infligida a Alexei Navalny

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Os Estados Unidos "condenam firmemente" a pena de 19 anos de prisão hoje infligida ao opositor russo Alexei Navalny, indicou o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, sublinhando que o Kremlin não pode "sufocar a verdade".

Navalny "deveria ser libertado", acrescentou o secretário de Estado numa mensagem na rede social X (antigo Twitter).

"É a conclusão injusta de um julgamento injusto", defendeu, por sua vez, o porta-voz do Departamento de Estado em comunicado, referindo-se à nova sentença judicial assente "em acusações infundadas de chamado 'extremismo'".

"Ao realizar este novo julgamento em segredo e limitar o acesso dos advogados de Navalny às alegadas provas, as autoridades russas demonstraram mais uma vez (...) que não concedem julgamento justo àqueles que se atrevem a criticar o regime", afirmou o porta-voz.

Já na prisão, a cumprir uma pena de nove anos, em condições difíceis, o principal opositor do Kremlin (Presidência russa) foi hoje condenado a 19 anos de prisão por "extremismo", após um julgamento à porta fechada iniciado em junho.

Este ativista anticorrupção de 47 anos deverá cumprir a sua pena num estabelecimento prisional de "regime especial", ou seja, uma das penitenciárias de mais sinistra reputação da Rússia, habitualmente reservada para os criminosos mais perigosos e para os condenados a prisão perpétua.

Também o governo britânico denunciou a nova condenação de Navalny, exigindo a sua "libertação imediata".

A condenação hoje anunciada "mostra o total desrespeito da Rússia pelos direitos humanos mais básicos", afirmou o secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly, no X (ex-Twitter).

"A dissidência não pode ser silenciada", adiantou o governante britânico.

Logo após o anúncio da sentença, a ONU e a União Europeia pediram a libertação imediata de Navalny.

Para o alto-comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Volker Turk, esta condenação "levanta novas preocupações sobre o assédio judicial e a instrumentalização do sistema judicial para fins políticos na Rússia".

"A sentença de 19 anos foi baseada em acusações vagas e excessivamente amplas de 'extremismo', e seguiu-se a um julgamento fechado nas dependências da prisão onde Navalny já cumpre outras duas sentenças com a duração de 11 anos e meio", escreveu Turk, num comunicado.

Num comunicado, o Conselho da União Europeia lamentou "profundamente que as audiências tenham sido conduzidas num ambiente fechado, inacessível para a família e observadores [de Navalny], numa colónia penal de alta segurança fora de Moscovo".

Bruxelas mostra ainda preocupação com a condição de Navalny, que se tem queixado das condições em que está preso.

O próprio Alexei Navalny afirmou na quinta-feira esperar que lhe fosse infligida uma pena "longa, estaliniana".

"A fórmula para a calcular é simples: o que o procurador pediu, menos 10-15%. Eles (a acusação) pediram 20 anos, ser-me-ão dados 18 ou qualquer coisa semelhante", declarou Navalny numa mensagem divulgada na Internet pelos seus familiares.

"Isso não é muito importante, porque se segue o caso de terrorismo. Serão 10 anos ou mais", acrescentou o principal opositor ao Kremlin (Presidência russa), que se diz alvo de uma acusação de "terrorismo" num processo à parte, do qual são até agora conhecidos muito poucos pormenores.