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Comité dos Jornalistas exige reabertura imediata de 'media' suspensos no Burkina Faso e Benim

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O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) apelou ao Burkina Faso e ao Benim para que reabram imediatamente uma estação de rádio burquinabê e um grupo de comunicação social beninense, suspensos pela cobertura do golpe de Estado no Níger.

"Os jornalistas devem ser livres de informar sobre os desenvolvimentos políticos na África Ocidental, incluindo as respostas regionais ao golpe do Níger, sem receio de represálias", disse a coordenadora do programa do CPJ em África, Angela Quintal, num comunicado divulgado terça-feira à noite em Dacar.

O Governo de transição do Burkina Faso, que se posicionou a favor da junta militar que organizou o golpe de Estado no Níger, suspendeu a Rádio Oméga "até nova ordem", depois de a estação ter entrevistado um nigerino opositor da iniciativa da junta militar que depôs o Presidente eleito, Mohamed Bazoum.

Ao anunciar a suspensão, as autoridades burquinabês afirmaram que a entrevista estava "repleta de insultos contra as novas autoridades do Níger".

Posteriormente, a Rádio Oméga, que qualificou a ordem de suspensão de "injusta e infundada", declarou que os seus jornalistas tinham começado a receber "numerosas ameaças de morte" de pessoas que afirmam apoiar o Governo do atual chefe de Estado do país, o capitão Ibrahim Traoré, no poder desde setembro de 2022, quando liderou um golpe de Estado.

O CPJ lamentou também a suspensão do grupo de comunicação social beninense La Gazette du Golfe, com imprensa escrita, televisão e rádio, presumivelmente pelas suas críticas a uma possível intervenção militar contra a junta golpista do Níger, disse um funcionário do grupo que pediu anonimato.

Em 26 de julho, o Níger tornou-se no quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burkina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020 e 2022.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) colocou em cima da mesa uma possível intervenção militar no Níger para "restaurar a ordem constitucional", uma medida para a qual os governos da Nigéria, Benim, Costa do Marfim e Senegal confirmaram claramente a disponibilidade dos seus exércitos.

No outro extremo, o Mali e o Burkina Faso opõem-se ao uso da força e argumentam que qualquer intervenção no Níger equivaleria a uma declaração de guerra também contra eles.