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Manifestantes contestam insegurança e alegadas extorsões em fronteira entre Moçambique e África do Sul

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Foto Lusa

Um grupo de cidadãos manifestou-se hoje contra a insegurança e alegadas extorsões na fronteira de Ressano Garcia, a principal entre Moçambique e África do Sul, tendo a polícia moçambicana efetuado disparos para dispersar a multidão, que bloqueou a estrada.

"Eles tinham principalmente duas revindicações: a redução da criminalidade na fronteira e [o fim das] alegadas extorsões que sofrem do lado sul-africano", disse à Lusa o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Maputo, Juarce Martins.

Os populares, entre residentes locais e comerciantes informais, colocaram barricadas à saída da fronteira de Ressano Garcia por volta das 12:00 (menos uma em Lisboa), tendo bloqueado por menos de uma hora a rodovia, que já sofre com um congestionamento provocado por camiões de carga devido a falhas no sistema migratório sul-africano.

"Porque as barricadas estavam no meio da estrada e não permitiam a passagem de nenhum carro, a polícia foi obrigada a intervir, fazendo alguns disparos para dispersar a população. Infelizmente um dos manifestantes arremessou uma pedra contra a viatura da polícia, tendo danificado o para-brisas", explicou Juarce Martins, acrescentando que não houve registo de feridos nem detidos.

A situação foi rapidamente controlada pelas autoridades e a circulação na Estrada Nacional Número 4 (EN4) foi restabelecida, avançou à Lusa o porta-voz do Serviço de Migração de Moçambique na província de Maputo, Juca Bata.

Há semanas, falhas de serviços fronteiriços na África do Sul têm provocado quilómetros de filas de camiões pesados na fronteira de Komatipoort-Ressano Garcia para entrar em Moçambique, uma situação que aumentou os casos de assaltos na região, segundo as autoridades moçambicanas.

As autoridades sul-africanas têm anunciado intervenções no sistema de registo na principal travessia entre os dois países, a 100 quilómetros de Maputo e a 450 de Joanesburgo, o que tem provocado paralisações por várias vezes nas últimas semanas.

Na semana passada, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique aconselhou os moçambicanos a fazerem apenas viagens "extremamente prioritárias" através da fronteira de Ressano Garcia devido à insegurança que se instalou.

Segundo a diplomacia moçambicana, o caos na principal fronteira entre Moçambique e África do Sul deve-se a um aumento extremo do fluxo de camiões registado nos últimos dois anos, sendo atualmente de cerca de dois mil por dia, contra a média de 600 camiões nos anos anteriores.