Crónicas

Completa falta de noção

Outro exemplo que não consigo sequer descrever é a nova moda de algumas personagens casarem com objectos

Esta semana apareceu a circular nos chats de mensagens um vídeo bizarro em que uma mulher portuguesa, já com idade para ter juízo, está a filmar-se a tomar banho com o seu filho menor. Na banheira, vamos podendo assistir ao miúdo, inocente e sem perceber o que se está a passar, a entornar água no cabelo da mãe e a brincar com a mesma enquanto esta se vai filmando em poses sensuais, com frases no mínimo sugestivas e enquanto lhe pede para passar o sabonete, vai acariciando o peito e piscando o olho para a câmara, nitidamente com o intuito de provocar o destinatário. Estamos fartos de ver este tipo de vídeos e fotografias sexuais a acabarem invariavelmente mal, com chantagens e ameaças quando acabam nas mãos erradas. Passando essa parte à frente, o que é que será que leva uma mãe a fazer um vídeo erótico enquanto toma banho com o seu filho? Será que ela acha que por ele ser menor (e ser seu filho) está no direito de fazer o que quiser e bem lhe apetecer? As pessoas às vezes esquecem-se que embora sejam pais não são donos dos pequenos. Para além disso é de um profundo mau gosto e de gravidade assinalável que dirá seguramente muito de uma pessoa que pelo vídeo não está nitidamente habilitada nem vocacionada para a maternidade, expondo a sua criança desta forma.

Mas não é caso único. Vemos disto todos os dias, por gente que perde completamente a cabeça e tudo faz por um like, um punhado de seguidores ou visualizações. Querem ser influencers, acham que dessa forma ganharão a fama e viajarão para sítios idílicos, com roupas de borla e adereços oferecidos. Não pensam sequer nas consequências, talvez por não terem valores para tal ou simplesmente porque acreditam na máxima “não olhar a meios para atingir os fins”. De uma forma ou de outra sucedem-se as parvoíces, desde fotografias ridículas a aventuras arriscadas até posarem ao lado do caixão dos próprios pais. É o mundo do absurdo, do volátil e efémero, da plasticidade e do querer ser “famoso” ou ser reconhecido. Em vez de apostarem em ter sucesso por outros meios, mostram o corpo ou fazem passes estúpidos.

A falta de noção grassa um pouco por toda a parte e vem coberta de múltiplos sabores. Outro exemplo que não consigo sequer descrever é a nova moda de algumas personagens casarem com objectos. Vai desde uma estação de comboios até uma árvore, casamentos com aplicações de telemóvel, bonecas insufláveis ou cartazes de filmes. Óbvio que os mesmos não são registados de forma oficial mas são muitas vezes administrados por pastores ou perfeitos e têm alguns ursos a assistir como convidados. Se eu recebesse um convite para um casamento de um amigo com uma pedra, internava-o compulsivamente. É isso e esta nova ideia de que podemos ser o que quisermos e de os outros têm a obrigação de nos ver da forma que nós queremos. Ainda há pouco tempo uma miúda na escola disse que se sentia um gato e perante a estupefação de um colega que se recusou a tratá-la como tal, acusou-o de não ser inclusivo e o próprio foi convidado a sair da escola por não estar em sintonia com os valores da mesma. Foi mal pensado da parte dele, podia ter aproveitado para dizer que se achava um cão ou um leão e resolvia o assunto de outra forma. Mais inclusiva como fazem na selva.

Assim vamos. Estamos rodeados de pessoas sem o mínimo de noção do ridículo que tudo fazem para subverter aquilo em que acreditamos e para nos fazer crer que nós é que estamos mal. Nós é que somos os retrógrados e os antiquados. Pois eu prefiro ser antiquado do que andar a fazer vídeos todo nú ao lado da minha filha menor para provocar alguém, como prefiro ser retrógrado a casar com uma pedra, a miar como um gato ou a querer viver num aquário porque de um dia para o outro me sinto uma lula.