Artigos

“Quando se perde a vergonha todo o mundo é seu”

O título deste texto reconduz-se a uma expressão muito utilizada pela minha avó para caracterizar todos quantos, perdendo a noção do ridículo, dizem tudo e o seu contrário para serem politicamente corretos. Mas, também resume aquele que é o posicionamento da oposição na Madeira.

Tome-se como exemplo a postura do Partido Socialista que passa a vida na Madeira a dizer que é a favor “da redução de impostos”, do Estatuto do Estudante Deslocado Insular e da majoração do financiamento da Universidade da Madeira.

Chega a ser comovente a capacidade que têm de, ao mesmo tempo que dizem estar a favor destas propostas, chumbar, em todos os orçamentos de estado, as matérias relativas à UMa. É igualmente deprimente o mais recente chumbo do Estatuto do Estudante-Atleta e do Estatuto do Estudante Deslocado Insular. Estas propostas visavam, respetivamente, tornar mais equitativo o acesso à prática do desporto pelos universitários madeirenses e garantir um conjunto de melhorias à vida dos estudantes madeirenses deslocados – desde o alojamento, transportes terrestres e aéreos, bem como na atribuição de médico de família. Mas, caro leitor, a questão é que não se ficam por aqui.

Talvez pelo fervor eleitoral que se avizinha, ou por desespero, desataram a assumir os compromissos que outros não cumprem com a Madeira. Exemplo disso é a proposta de passar a entregar anualmente 3 milhões de euros à Universidade da Madeira para resolver o seu problema de subfinanciamento e ainda a mais recente medida de apoio ao alojamento dos Estudantes Deslocados. Além de hipócritas, estes senhores demitem-se da defesa dos direitos dos madeirenses, pois desistem de lutar por direitos consagrados. Que um continental nunca tenha pensado nisto, até se admite. Agora alguém que diz querer liderar os madeirenses assumir a derrota na luta por esses direitos e prometer tudo e o seu contrário para ganhar eleições não é razoável. Isto não será a expressão máxima do populismo que as forças moderadas deviam combater?

Além de todo o fervor e desespero revelam outra nuance: um desconhecimento básico das questões sobre as quais se debruçam. No caso do subfinanciamento da Universidade, esquecem o que o Governo Regional lá investe e o facto de 3 milhões não resolverem, nem parcialmente, o problema do subfinanciamento. Na questão do alojamento dos estudantes, esquecem que a questão da falta de resposta da rede pública é competência do seu governo, que se comprometeu a fazer mais 12.000 camas em 8 anos e apenas disponibilizou 78? Ou esquecem que a bolsa atribuída pelo Governo Regional tem valores diferentes tendo em consideração o custo do alojamento no sítio onde o estudante está deslocado? De facto, quando se perde a vergonha todo o mundo é seu, já dizia a minha avó.