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Trump acusado de 37 crimes incluindo de colocar EUA em perigo

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O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi acusado de 37 crimes por manipulação de documentos classificados, que levou para a sua mansão na Florida após deixar a Casa Branca, de acordo com a acusação hoje divulgada.

De acordo com a acusação histórica, Trump colocou em risco a "segurança nacional" dos Estados Unidos ao manter na sua posse segredos nucleares norte-americanos após a sua saída da Casa Branca.

O magnata republicano, que já anunciou nova candidatura à Casa Branca em 2024, é também acusado de "obstrução à justiça".

O documento divulgado pelo Departamento de Justiça, que é a confirmação oficial da acusação que o próprio ex-presidente (2017-2021) avançou na quinta-feira, também implica Walt Nauta, antigo assistente de Trump que foi visto a retirar caixas com documentos classificados da mansão Trump, em Palm Beach.

Trump é acusado de perjúrio e de ter combinado com Walt Nauta a ocultação de documentos solicitados pela polícia federal norte-americana, o FBI.

O republicano tinha divulgado esta quinta-feira que foi indiciado pela justiça federal pela sua gestão dos arquivos da Casa Branca, algo inédito para um ex-presidente, e que foi convocado para um tribunal em Miami na terça-feira.

"Sou inocente", destacou, apresentando-se como vítima de um complô orquestrado pelos seus oponentes democratas.

O Presidente democrata Joe Biden, também recandidato às eleições de 2024, garantiu hoje que não vai entrar em contacto com o secretário da Justiça, Merrick Garland, sobre esta matéria delicada.

Nos Estados Unidos, uma lei obriga os presidentes a enviarem todos os seus 'e-mails', cartas e outros documentos de trabalho aos arquivos nacionais.

Em janeiro de 2021, quando deixou a Casa Branca para se instalar na sua luxuosa residência em Mar-a-Lago, na Florida, Donald Trump levou dezenas de caixas cheias de arquivos. Um ano depois, após vários avisos, devolveu 15 caixas contendo quase 200 documentos classificados.

O FBI, no entanto, calculou que Trump não tinha devolvido tudo, o que resultou numa operação de busca em Palm Beach pelos agentes federais 08 de agosto e na apreensão de cerca de trinta outras caixas, contendo 11.000 documentos.

Segundo a acusação, foram encontrados documentos classificados "num salão de baile", mas também "numa casa de banho, na banheira", num "escritório" ou "num quarto".

Estes "incluíam informações sobre as capacidades de defesa dos Estados Unidos e de países estrangeiros", "sobre os programas nucleares americanos" e "sobre potenciais vulnerabilidades no caso de um ataque aos Estados Unidos e seus aliados".

A sua potencial "divulgação teria posto em perigo a segurança nacional dos Estados Unidos, as suas relações internacionais", destacou o procurador especial Jack Smith, nomeado em novembro para supervisionar a investigação de forma independente.

Por agora, os republicanos estão a cerrar fileiras em torno de Donald Trump, incluindo os seus rivais pela indicação presidencial do partido, da qual ele está à frente com grande vantagem segundo as sondagens.

Esta solidariedade foi manifestada em abril, quando a justiça do Estado de Nova Iorque também indiciou Trump, desta vez por fraude contabilística como parte de um pagamento em 2016 a uma atriz de filmes pornográficos para que esta ocultasse um alegado caso.

Trump ainda pode enfrentar mais problemas com a justiça nos próximos meses, pois uma procuradora da Geórgia deve anunciar até setembro o resultado da sua investigação sobre a pressão exercida pelo ex-presidente para tentar mudar o resultado eleitoral de 2020.

O procurador Jack Smith, que durante a sua carreira processou autores de crimes de guerra no Kosovo, investiga ainda o papel de Donald Trump no ataque ao Capitólio em 06 de janeiro de 2021.