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Kiev prepara golpe principal e Rússia diz que se regista acalmia

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A Ucrânia reconheceu hoje que a contraofensiva está a decorrer mais lentamente do que o desejado e anunciou que o golpe principal ainda está por acontecer, enquanto a Rússia diz constatar "alguma acalmia" na frente de batalha.

"Há pessoas que pensam que é um filme de Hollywood e esperam resultados agora, mas não é o caso", disse o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, numa entrevista à cadeia televisiva britânica BBC, onde admitiu que o progresso na contraofensiva está a ser "mais lento do que o desejado".

A vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Maliar, explicou que a contraofensiva continua em vários setores da frente sul e que "há alguns avanços em todas as direções", depois de o Exército ter confirmado a recuperação de oito localidades nas frentes de Zaporijia e Donetsk.

"Estamos a avançar aos poucos, com pequenos passos, mas com muita confiança. O golpe principal ainda está por acontecer", escreveu Maliar na rede social Telegram.

O secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Oleksi Danilov, acrescentou que as tropas têm atualmente como missão sobretudo eliminar a artilharia russa, armazéns de munições e rotas de abastecimento.

Segundo o Ministério da Defesa ucraniano, a Rússia já perdeu mais de 4.000 tanques em 16 meses de guerra.

"Em 16 meses de guerra, 120 a 130 batalhões de tanques dos invasores russos foram destruídos pelas Forças de Defesa da Ucrânia. (...) Desde o início da agressão em larga escala, a Rússia já perdeu mais de 4.000 tanques", informou em comunicado o Ministério da Defesa da Ucrânia.

Do seu lado, Moscovo informou sobre o equipamento destruído ao inimigo, que estima em 10.256 tanques e veículos blindados.

De acordo com o Presidente russo, Vladimir Putin, apenas durante a contraofensiva ucraniana, as forças russas destruíram 245 tanques e 678 veículos blindados.

O líder russo diz que existe "alguma acalmia" nas frentes de batalha na Ucrânia, mas admitiu que a contraofensiva inimiga ainda não esgotou o seu potencial ofensivo.

"Curiosamente, neste momento, estamos a verificar uma certa calma. Isso deve-se ao facto de o inimigo estar a sofrer sérias perdas de pessoal e equipamento", explicou Putin.

O Presidente russo admite que Kiev não esgotou o seu "potencial ofensivo" e está a ponderar "como e onde usá-lo".

Sobre o potencial militar da Rússia, Putin assegura que vai aumentar, garantindo a segurança e a estabilidade da Rússia.

O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, acrescentou que o destino da Rússia e o seu futuro geopolítico estão em jogo, acrescentando que as Forças Armadas estão preparadas para "garantir a segurança e a soberania" do seu país.

As informações russas e ucranianas não foram verificadas de forma independente.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.