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Dados mostram que Bolsonaro "coordenou" tentativa de golpe no Brasil

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Foto AFP

O Presidente do Brasil afirmou, esta segunda-feira, que as últimas revelações sobre os acontecimentos de 08 de janeiro, quando milhares de radicais assaltaram as sedes dos três poderes, demonstram que Jair Bolsonaro "coordenou" uma tentativa de golpe de Estado.

"Já está provado que [os fascistas] tentaram dar um golpe coordenado pelo antigo Presidente que agora nega que apoiou, mas que, quando perdeu as eleições, fechou-se em casa para preparar o golpe", disse o líder brasileiro na sua mensagem, transmitida ao vivo nas redes sociais.

O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) acrescentou que a Justiça vai continuar a investigar estes atos e que toda a gente terá possibilidade de se defender, mas que os responsáveis serão punidos exemplarmente.

"Vamos investigar quem são os culpados, e vão pagar, vão ser julgados pela justiça civil e irão para a prisão se tiverem cometido algum crime, mas não vamos aceitar que essas pessoas tentem dar um golpe e destruir a democracia do nosso país", afirmou.

As declarações de Lula da Silva surgem numa altura em que há suspeitas sobre a participação do capitão na reserva do Exército Jair Bolsonaro em possíveis conspirações para não deixar que o resultado das últimas eleições presidenciais fosse cumprido.

Em causa estão mensagens intercetadas pela polícia no telemóvel do tenente coronel Mauro Cid, antigo apoiante de Bolsonaro e detido por alegada fraude com vacinas contra a covid-19, sobre a possibilidade de o Governo declarar estado de sítio com o argumento de fazer frente a "uma ordem constitucional desvirtuada pelos tribunais supremos".

Uma das mensagens encontradas no telemóvel de Cid parece ser uma espécie de projeto de decreto que invocaria uma intervenção militar, e no qual se lê: "Para assegurar o necessário restabelecimento do Estado Democrático de Direito" e "com base em disposições expressas da Constituição, declara-se o estado de sítio".

Documentos semelhantes já tinham sido encontrados na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, também apoiante de Bolsonaro e que se encontra em prisão domiciliária pelo seu alegado envolvimento na conspiração que levou aos acontecimentos de 08 de janeiro, quando centenas de apoiantes de Bolsonaro atacaram os três poderes.

Lula da Silva disse na sua transmissão que estava habituado a continuar a sua vida após uma derrota eleitoral, mas que parece que os seus adversários não estão.

"Agora nós temos um cidadão que não conversa com ninguém e que não quer conversar. Só quer espalhar mentiras e notícias falsas (nas redes) e dizer coisas estúpidas e atacar os outros. E isso tem de acabar", concluiu.