Boa Noite

Lágrimas desprestigiantes

Quem poupa o Marítimo ao enxovalho contínuo? Não lhes chega a despromoção?

Boa noite!

A descida do Marítimo ao escalão secundário, após 38 anos de glória entre os grandes do futebol português, apesar de previsível, era evitável. Bastava que os adeptos tivessem maior lucidez quando foram chamados a escolher líderes e a ler sinais dos tempos, que a gestão do clube e da SAD fosse transversalmente profissional, que os jogadores não esbanjassem tantas oportunidades e que o treinador fosse mais humilde.

O que se tem visto depois do tombo, por via do choradinho habitual que nada resolve, antes confirma a aselhice de toda uma época, dá dó. Por causa do estado de negação evidente, pela tardia manifestação de interesse pelo futuro estratégico e ainda pela crença na manutenção milagrosa ditada pela secretaria.

Que Edgar Costa peça respeito pelo Marítimo, quando devia ser o primeiro a dar-se a esse trabalho; que José Gomes se assuma de “consciência tranquila”, mesmo que, enquanto treinador, tenha feito opções desastrosas; que os sócios se revoltem com tanto amadorismo tem tanto de perceptível, como legítimo.

Pior só Rui Fontes que convocou uma "Assembleia Geral extraordinária, com carácter urgente, com o objectivo de apresentar aos sócios o Plano Estratégico para o futuro do clube". Isto depois de passar a época a impedir uma AG e de ter prometido falar “para apontar caminhos e objetivos imediatos”. Só que em três minutos, o responsável máximo dos verde-rubros  conseguiu outros tantos feitos: chorar compulsivamente, abandonar a sala de conferências, não deixando assim que qualquer jornalista pudesse fazer perguntas sobre o momento que o clube está a viver, e não ter a coragem de apresentar a demissão em bloco.

Esta foi provavelmente a conferência de imprensa mais ridícula da história do futebol na Madeira. Quem esperava um timoneiro decidido e ambicioso encontrou apenas o fracasso em pessoa. Não foi por falta de aviso, feito em devido tempo, neste mesmo espaço, apesar dos insultos.

O futebol profissional precisa bem mais do que reflexão. Mas é melhor começar pelo que é estruturante, de preferência, sem lágrimas.