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Médicos sem Fronteiras alertam para situação muito grave e caos sanitário no Sudão

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Os Médicos sem Fronteiras (MSF) alertaram hoje que é "muito grave" a situação no Sudão, devido aos combates entre o exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), com o país em "colapso sanitário" e desgovernado.

"A situação no Sudão é muito grave. É tremenda. Há tiroteios e bombardeamentos em áreas densamente povoadas, onde vivem muitos civis", disse Jairo González, chefe executivo para a África Oriental daquela organização não-governamental (ONG).

O responsável estima que "muitas partes do país estão agora sem lei", com "milhares ou milhões de civis retidos nas suas casas, impossibilitados de sair" por causa dos combates e sem acesso a hospitais.

A ONG contabiliza milhares de feridos e denunciou que, após uma semana de conflito, as três tréguas anunciadas até agora para facilitar o auxílio à população "não foram respeitadas".

Os médicos sudaneses estimaram hoje que sete em cada dez hospitais em zonas de conflito foram inutilizados e, de acordo com González, "o colapso da saúde afeta o país desde o primeiro dia do conflito".

O líder das RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, exigiu hoje de novo a rendição imediata do líder do exército, Abdel Fattah al-Burhan, a quem acusa de ser o principal obstáculo à paz.

Após horas de dúvidas sobre o seu paradeiro, Dagalo reapareceu para fazer estas declarações e para garantir que continua na capital, Cartum.

O líder do grupo paramilitar afirmou que não tenciona encetar negociações com al-Burhan neste momento e disse que o que está a ser discutido é "uma trégua", para facilitar a retirada de cidadãos estrangeiros.

Neste sentido, confirmou contactos com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, para tentar organizar a saída do Sudão dos cidadãos dos Estados Unidos.

Segundo a mais recente contagem da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 413 civis morreram e 3.551 ficaram feridos desde o início do conflito no Sudão.

Os confrontos começaram há uma semana entre as forças armadas, comandadas pelo líder de facto do país desde o golpe de Estado de outubro de 2021, o general Abdel Fattah al-Burhan, e os paramilitares do RSF, chefiados pelo general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como "Hemedti".

Os dois homens orquestraram em conjunto o golpe de 2021, mas posteriormente tornaram-se inimigos.