A Guerra Mundo

Kiev defende Mar Negro como o "mar da NATO" contra imperialismo russo

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A Ucrânia defendeu hoje que o Mar Negro, tal como o Báltico, deve ser "um mar da NATO", denunciando as "políticas imperialistas" da Rússia, enquanto Moscovo garantiu que esse cenário nunca será realidade.

"Chegou o momento de o Mar Negro se tornar um mar da NATO, como o Mar Báltico", referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, numa participação à distância numa conferência sobre a segurança do Mar Negro, organizada em Bucareste.

Dmytro Kuleba acrescentou, citado pela agência romena Agerpres, que embora o Ocidente nunca tenha tido estratégias coerentes no Mar Negro, a Rússia sempre teve "um plano agressivo".

O Mar Negro é de especial importância para garantir a paz na Europa, salientou Kuleba, acrescentando que a ocupação russa da Crimeia representa uma ameaça para o mundo inteiro.

Em resposta, a Rússia frisou que o Mar Negro, onde tem uma frota naval destacada, nunca será o mar da NATO.

"É um mar comum", sublinhou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária por telefone.

A mesma fonte acrescentou que para todos os estados costeiros deve ser um mar "de cooperação, interação e segurança".

"Além disso, deve ter uma segurança indivisível", destacou ainda.

Peskov apontou que a própria declaração de Kiev é baseada em contradições, já que a alegação de que o Mar Negro deve ser desmilitarizado e tornar-se um mar da NATO "são conceitos opostos".

Kuleba falou ainda sobre a próxima cimeira da NATO, a ser organizada com a participação da Ucrânia em Vílnius, em julho, antecipando que aí poderá ser dada luz verde à entrada do seu país na Aliança Atlântica, bem como da Geórgia.

Para o governante ucraniano essa cimeira será "o momento certo" para "corrigir erros do passado" e aceitar os dois países.

Também hoje, as autoridades da Ucrânia e da Moldova fizeram um apelo conjunto para acelerar a abertura das negociações que culminarão com a sua entrada como "membros de pleno direito da União Europeia".

Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa ucranianos, Dmytro Kuleba e Oleksii Reznikov, bem como os homólogos moldavos, Nicu Popescu e Anatolie Nosatii, participaram na primeira Conferência de Segurança do Mar Negro.

Os dois estados sublinharam também em conjunto o seu compromisso com a soberania, integridade territorial e independência não só da Ucrânia, invadida pela Rússia desde fevereiro de 2022, mas também da Moldova, país vizinho e que denunciou as ameaças de Moscovo.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 414.º dia, 8.490 civis mortos e 14.244 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.