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Aliança 'Além do petróleo e do gás' admite diferenciação quanto ao pico das emissões

Foto DR/XTwitter/Beyond Oil and Gas
Foto DR/XTwitter/Beyond Oil and Gas

A aliança 'Beyond Oil and Gas' (Além do petróleo e do gás), que junta vários países incluindo Portugal, admitiu hoje que o texto final que resultar da COP28 possa prever uma diferenciação quanto ao prazo para o pico das emissões.

“Queremos que o pico global seja abordado no texto, mas aceitamos uma diferenciação. Esse é um elemento-chave para chegarmos a acordo”, disse o ministro português do Ambiente e Ação Climática, numa conferência de imprensa da aliança.

A 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que está a decorrer no Dubai, entrou hoje na fase final, com o primeiro de dois dias dedicados às negociações finais.

Pela primeira vez, está a ser feito o balanço do Acordo de Paris, adotado em 2015, através do Global Stocktake, cujo texto final deverá ter alguma referência ao fim dos combustíveis fósseis, um tema que não está, no entanto, a ser consensual entre as partes.

Questionado se a aliança apoia algum tipo de linguagem, no documento, que aborde a diferenciação de responsabilidades, Duarte Cordeiro respondeu que o objetivo é um compromisso global quanto ao fim dos combustíveis fósseis que assegure o cumprimento das metas do Acordo de Paris, em concreto, a neutralidade carbónica e a limitação do aumento da temperatura a 1,5ºC.

“Mas estamos abertos a considerar a diferenciação no pico (das emissões de gases com efeito de estufa) em alguns países”, acrescentou o ministro português.  

Sobre a mesma questão, a ministra do Clima e Ambiente da Suécia sublinhou que o que está em discussão é a redução gradual, até à eliminação, dos combustíveis fósseis e admitiu que para alguns países, cujas economias estão muito dependentes do setor, é um processo mais difícil.

No entanto, continuou, é possível mudar as estruturas económicas desses países, para que possam crescer noutras bases.

“Quando falamos de pico, falamos de pico de emissões. Queremos que as emissões baixem a partir daí, não as economias, mas isso deve acontecer ainda nesta década. É a única forma de alcançar a meta de 1,5ºC”, considerou Romina Pourmokhtari.

Pelo governo francês, a ministra da Transição Energética, Agnès Pannier-Runacher acrescentou que não é justo pedir aos países que escolham entre o seu desenvolvimento e as alterações climáticas”.

“Acreditamos que existe forma de responder às necessidades de acesso a energia e crescimento com energias limpas”, sublinhou, no entanto, referindo também que “o abatimento não pode ser usado para atrasar a transição”.

A ministra referia-se às sugestões de alguns países para que o texto final do Global Stocktake aponte apenas o fim dos combustíveis fósseis em que não é possível a captura de carbono, chamados 'unabated'.

A COP28 começou em 30 de novembro e está a decorrer até dia 12 no Dubai. Depois de vários dias com um programa temático, a cimeira dedica-se, a partir de hoje, apenas às negociações finais.