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Mina de sal-gema da petroquímica brasileira Braskem desaba parcialmente em Maceió

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Uma mina fechada de sal-gema da gigante petroquímica brasileira Braskem desabou hoje parcialmente na cidade costeira de Maceió, no nordeste brasileiro, disse a autoridade de proteção civil da cidade.

Um vídeo distribuído por aquela autoridade mostra um borbulhar repentino e turvo da água na lagoa Mundau, no bairro de Mutange, na cidade, mostrando a rutura da mina. A área já foi evacuada e não houve risco para ninguém, disse a proteção civil em comunicado, no qual é citado o prefeito João Henrique Caldas, a dizer que é esperada uma estabilização da mina após o seu colapso parcial.

O incidente não surpreendeu os moradores de Maceió, que em 40 anos de mineração de sal-gema da Braskem já viram o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas e o esvaziamento de comunidades. A empresa alertou as autoridades em 28 de novembro do risco iminente de a mina entrar em colapso. A terra à volta da mina tem estado a afundar continuamente desde então e caiu 2,35 metros na manhã de hoje.

No dia 30 de novembro, o governador do estado de Alagoas, Paulo Dantas, alertou para a possível "formação de grandes crateras" após o colapso da mina e disse que equipas federais iriam chegar naquela noite para reforço. Os residentes foram avisados para não se deslocarem para perto da área e esperarem. Nos primeiros dias após o alerta, a Braskem fazia atualizações regulares do estado da mina e dos possíveis momentos em que poderia entrar em colapso.

A mineração de sal-gema é um processo de extração de sal de depósitos subterrâneos profundos. Uma vez extraído o sal, as cavidades deixadas para trás podem desabar, fazendo com que o solo acima assente, pelo que, estruturas construídas sobre essas áreas podem tombar. Entre 1979 e 2019, quando a Braskem anunciou o encerramento das operações de sal-gema em Maceió, a empresa operava um total de 35 minas. Os problemas em Maceió começaram um ano antes, quando grandes rachaduras apareceram pela primeira vez na superfície. A primeira ordem para evacuar algumas áreas - incluindo partes do bairro de Mutange - foi dada em 2019. Desde então, cinco bairros transformaram-se em locais fantasmas à medida que os moradores aceitaram indemnizações da Braskem para se mudarem.

Segundo o 'site' do Senado brasileiro, cerca de 200 mil pessoas em Maceió foram afetadas pelas atividades de mineração da empresa. "Continuaremos lutando e exigindo responsabilidade da Braskem, que é a grande responsável por esses danos", disse o prefeito no comunicado de hoje da autoridade de defesa civil.

A Braskem é uma das maiores empresas petroquímicas do continente americano, sendo que os seus maiores acionistas são a estatal brasileira de petróleos Petrobras e a gigante da construção Novonor, anteriormente conhecida como Odebrecht.