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Guterres insiste em cessar-fogo para enfrentar situação humanitária "dramática"

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O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, insistiu hoje na necessidade de um cessar-fogo humanitário em Gaza face à situação "dramática" no terreno e que conduza à libertação incondicional e imediata de todos os reféns.

Numa conferência de imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres saudou a trégua acordada em Israel e o grupo islamita Hamas que se encontra atualmente em vigor, considerando que "foi um passo na direção certa" e "um símbolo de esperança", mas frisou que um cessar-fogo humanitário continua a ser necessário.

"Gostaria de dizer que a trégua foi um passo na direção certa, foi um símbolo de esperança. Mas isso não resolve os principais problemas que enfrentamos", disse.

"É por isso que temos insistido na necessidade de um cessar-fogo humanitário que conduza à libertação incondicional e imediata de todos os reféns e à possibilidade de prestar ajuda humanitária eficaz a todas as pessoas em Gaza, onde quer que vivam", reforçou o chefe da ONU.

O Governo israelita e o braço político do Hamas acordaram na quinta-feira uma trégua de quatro dias que foi prorrogada na segunda-feira por mais 48 horas, durante as quais o grupo islamita tem libertado dezenas de reféns israelitas e estrangeiros, em troca da libertação de prisioneiros palestinianos, todos eles mulheres e crianças.

Porém, para a ONU, um amplo cessar-fogo humanitário em Gaza é essencial para fazer chegar ajuda humanitária à  população palestiniana de forma sustentada e nas proporções necessárias.

"A minha mensagem é muito clara: precisamos de um cessar-fogo humanitário. Temos uma situação humanitária dramática. Ao mesmo tempo, queremos a libertação total de todos os reféns, que acreditamos que deveria ser incondicional e imediata. Mas precisamos agora de um cessar-fogo humanitário em Gaza", sublinhou.

Para levar mais ajuda humanitária à população civil palestiniana, a ONU tem insistido na abertura de mais rotas de entrada para o enclave.

Nesse sentido, o chefe humanitário das Nações Unidas, Martin Griffiths, viajará na quarta-feira para Amã, Jordânia, para participar em negociações que visam a abertura de uma nova passagem fronteiriça entre Israel e Gaza, nomeadamente a passagem de Kerem Shalom.

Em 21 de outubro, duas semanas após o início da guerra, Israel permitiu a entrada de ajuda humanitária em Gaza, mas apenas através da passagem de Rafah, na fronteira entre o enclave e o Egito.

A passagem de Rafah, que liga a Península do Sinai à Faixa de Gaza, é a única via de acesso ao território governado pelo Hamas não controlada por Israel.

A passagem de Kerem Shalom está localizada na mesma área próxima ao sul de Gaza, onde se concentra grande parte dos deslocados palestinianos, já que o norte do território está ocupado por forças israelitas e foi palco de combates violentos nas semanas anteriores à atual trégua humanitária.

Antes do início do conflito, cerca de 60% das mercadorias que chegavam a Gaza passavam por Kerem Shalom, enquanto a passagem de Rafah não estava especificamente designada para o tráfego rodoviário, mas sim para a circulação de pessoas.