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Rússia afirma respeitar trégua e acusa Kiev de continuar bombardeamentos

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FOTO EPA/OLEG PETRASYUK

O exército russo garantiu hoje estar a respeitar o cessar-fogo unilateral de dois dias decretado por Moscovo na Ucrânia para o Natal ortodoxo, que começou às 09:00 de Lisboa, mas acusou Kiev de continuar com os bombardeamentos.

"Apesar da observância do regime de cessar-fogo pelas tropas russas [...] as autoridades de Kiev continuam a bombardear cidades e posições russas", indicou o Ministério da Defesa russo no habitual relatório diário.

No entanto, em Bakhmout, epicentro dos combates no leste da Ucrânia, os duelos de artilharia não pararam, apesar da entrada em vigor de um cessar-fogo unilateral decretado pela Rússia por ocasião do Natal ortodoxo.

Os jornalistas da agência noticiosa France-Presse (AFP) ouviram disparos, mas com uma menor intensidade do que nos dias anteriores, dos lados ucraniano e russo após o início do cessar-fogo nesta cidade, em que as ruas estão em grande parte destruídas e desertas, 

Dezenas de civis reuniram-se num edifício destinado à distribuição de ajuda humanitária, onde os voluntários organizaram uma festa de Natal, distribuindo tangerinas, maçãs e bolachas, uma hora antes da entrada em vigor da trégua russa.

As autoridades russas já hoje tinham acusado a Ucrânia de ter atacado a cidade de Donetsk durante o cessar-fogo unilateral decretado pelo Presidente russo, Vladimir Putin.

Numa mensagem divulgada na rede social Telegram, o Centro Conjunto de Controlo e Coordenação de Assuntos Relacionados com Crimes de Guerra da Ucrânia (JCCC) referiu que o ataque à cidade sob controlo russo foi realizado com artilharia e acrescentou que "foram disparados seis projéteis de 155 milímetros", mas não avançou informações sobre possíveis vítimas.

Solicitado pelo patriarca da igreja ortodoxa russa, Cirilo, o cessar-fogo unilateral, decretado por Putin e rejeitado pela Ucrânia, entrou em vigor às 12:00 locais (09:00 em Lisboa).

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou Putin de "usar o Natal como disfarce" para impedir o avanço das forças ucranianas no Donbass, aproveitando para aproximar equipamentos e munições das suas posições.

"Querem usar o Natal como disfarce para deter, pelo menos brevemente, o avanço dos nossos homens em Donbass e trazer equipamentos, munições e militares para mais perto das nossas posições", afirmou.

Por sua vez, o vice-chefe da administração presidencial ucraniana, Kyrylo Tymoshenko, deu conta de que dois ataques russos em Kramatorsk (leste) atingiram um edifício residencial sem causar vítimas já depois de iniciada a trégua. 

Antes do cessar-fogo unilateral, Tymoshenko já tinha mencionado um bombardeamento russo em Kherson (sul).

As autoridades separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia também relataram vários bombardeamentos ucranianos contra posições em Donetsk antes e depois da entrada em vigor teórica do cessar-fogo.

A ofensiva militar russa foi lançada a 24 de fevereiro do ano passado para, segundo Putin, "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.

A invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.919 civis mortos e 11.075 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.