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Brasil volta a ser protagonista e líder no ambiente e clima

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A nova ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, garantiu hoje que o Brasil voltará a ser protagonista e líder nestas matérias, depois dos "retrocessos" no Governo de Jair Bolsonaro.

Numa sala no Palácio do planalto lotada com cerca de mil convidados, entre políticos, ativistas ambientais, indígenas, amigos e mais de 200 órgãos de comunicação social nacionais e internacionais, Marina Silva, uma autêntica ´rockstar´ das causas ambientais assumiu hoje oficialmente o cargo de ministra do Meio Ambiente e da mudança do Clima de Lula da Silva, 14 anos depois de se ter demitido do cargo, também no Governo de Lula.

"O Governo brasileiro que sempre foi protagonista nessa discussão não se furtará a exercer esse papel de liderança nacional e internacional" afirmou Marina, como prefere ser chamada, que tem sido uma referência mundial no campo da ecologia durante décadas e já foi ministra entre 2003 e 2008.

"Vamos liderar pelo exemplo" e o Brasil honrará todos os seus compromissos, frisou a nova ministra, candidata presidencial em 2010, 2014 e 2018, tendo ficado sempre em terceiro lugar.

Essa garantia, é dada por "alguém que se criou no meio da mata", disse, referindo-se ao facto de ter nascido em Breu Velho, uma aldeia no interior do estado amazónico do Acre, onde sobreviveu caçando e pescando como os seus onze irmãos, três dos quais morreram quando eram crianças.

Marina Silva disse ainda que a inclusão da "Mudança do Clima" não é retórica. "A emergência climática se impõe, disse Marina Silva, que na sua infância sofreu de contaminação sanguínea devido ao mercúrio utilizado pelos mineiros ilegais nos rios da Amazónia. Tinha também malária e hepatite.

"Queremos destacar a devida prioridade daquele que é o maior desafio global presentemente na humanidade. Países, pessoas e ecossistémicas mostraram-se cada vez menos capazes de lidar com as consequências e comprovadamente os mais pobres são os mais afetados", frisou a nova ministra, que, aos 64 anos, terá uma segunda oportunidade de transformar aquilo que a que sempre chamou de "a razão da sua vida".

"O Brasil tem um enorme desafio para honrar os compromissos assumidos no acordo de Paris" como consequência do desmatamento que se acirrou nos últimos quatro anos, disse, anunciando o regresso da secretária nacional de mudança climática, que o Governo de Jair Bolsonaro extinguiu.

Apesar de nunca ter dito o nome de Jair Bolsonaro ao longo do seu longo discurso, Marina frisou que o "Palácio foi palco de vários atos contra o meio ambiente, contra interesses estratégicos do Brasil".

"Os anos que se passaram foram de um completo desrespeito", prosseguiu, insistindo que "o Brasil que antes era um expoente e ator na esfera global, passou a ser visto como um pária ambiental".

A nova ministra acusou ainda o Governo de Jair Bolsonaro de ter feito desmatamento descontrolado, e ter colocado terras indígenas e unidades de conservação à mercê do crime ambiental. "Lideranças ambientalistas e indígenas sendo assassinado", disse recordando as morte do ativista Bruno e do jornalista inglês Dom Phillps.

De 2019 para cá, insistiu, houve um "profundo processo de enfraquecimento e esvaziamento dos órgãos ambientais" para um país "que antes era um expoente e ator na esfera global e passou a ser visto "como um pária ambiental".

Entre os convidados, marcaram presença, a primeira-dama, Janja, a ministra das mulheres, Cida Gonçalves, que prometeu um "Governo da inclusão e reconstrução" e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que garantiu a Marina um "meio ambiente visto de forma transversal em todos os ministérios". 

Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil e que hoje tomou posse como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços também marcou presença.