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Carta aos madeirenses e porto-santenses

Experimentem votar de forma diferente, porque essa é a única forma de termos uma Região forte

O ano começa e quero desejar-vos o melhor da vida: saúde, bem-estar e boas pessoas à vossa volta. Sei que conhecem o ditado, ano novo vida nova. E quantos de vocês não querem uma vida nova? Pois, este ano terão uma oportunidade. Há eleições regionais e melhorar a vossa vida implica votar diferente e mudar de governo. Estarão a pensar que eu tenho interesse direto porque sou do PS e porque sou amigo do Sérgio Gonçalves e, por essas razões, sou suspeito. E sou. Mas mais do que tudo e para além das questões partidárias e de amizade, o que mais desejo é que tantos de vocês que se fartam de trabalhar, que dão tanto de si e chegam ao fim do mês com nada ou com tão pouco, possam viver um pouco melhor. Por isso, neste início de 2023, quero o vosso bem, quando desejo que na nossa terra o desenvolvimento e o conforto sejam partilhados, com acesso a empregos melhor remunerados e oportunidades de negócio para muitos e não só para alguns.

O desenvolvimento que nos últimos anos assistimos, provocou uma revolução infraestrutural que não foi acompanhada por uma proporcional revolução social. Continuamos com indicadores de pobreza, de poder de compra e de desigualdade, que nos colocam no fundo da tabela do nosso país. A Região desenvolveu-se ao longo de todo o processo Autonómico, mas o carácter profundamente desigual da sociedade madeirense não diminuiu.

Faltou dar o salto qualitativo! Mas não faltou nada para que não pudesse ter sido dado: houve sempre estabilidade política, os impostos dos madeirenses ficaram cá, e vieram muitos milhões da República e da União Europeia. Faltou a ambição que sobrou em ganância, que alimentou algumas clientelas, mas deixou de estômago vazio muitos dos que até votaram no PPD. E é para vocês que particularmente escrevo. Porque sei que não são pessoas livres, porque a maior falta de liberdade é a falta de pão na mesa. E compreendo-vos, porque para quem nada tem apesar de tanto trabalhar, a sua preocupação maior é a da sobrevivência, muitas vezes conseguida através dos subsídios do governo ou das instituições por ele financiadas, como as Casas do Povo e outras. E tudo isto é perverso, pois muitas vezes vocês nem se apercebem da teia de dependências em que caíram, em que a necessidade obriga a receberem caridade em troca de votos, quando deviam receber dignidade em troca de nada.

Estamos já em 2023, e não é possível continuar neste estado de coisas. A vossa vida tem de mudar e a mudança começa em vocês. Experimentem votar de forma diferente, porque essa é a única forma de termos uma Região forte, em que o desenvolvimento social acompanha o desenvolvimento económico. Não podemos continuar com uma economia que exclui. Não podemos continuar a avançar com o mesmo modelo de desenvolvimento, pois isso significa que vocês e os vossos filhos continuarão a ficar para trás.

O mundo transformou-se e o modelo de desenvolvimento que fazia sentido há 40 anos, de aposta em equipamentos e Infraestruturas públicas - estradas e vias, escolas e centros de saúde, aeroportos e portos - necessita de ser repensado e adaptado, sem perdermos aquilo que nos caracteriza e diferencia, como a nossa cultura e o nosso turismo.

Devemos continuar a ter um forte investimento público, mas direcionado a outras áreas que não só as obras públicas e a construção, criando condições para que o investimento privado possa ocorrer e contribuir para a diversificação da economia. A concentração de recursos financeiros num ou dois setores leva ao estrangulamento da economia, porque o crescimento unidirecional não é sustentável, além de nos colocar mais vulneráveis e dependentes dos contextos internacionais.

O novo modelo de desenvolvimento deve aproveitar as características da nossa Região, e que nos dão vantagens sobre outras regiões, fomentando uma economia diversificada, competitiva, aberta ao mundo e que minimize ou torne irrelevante o que mais nos constrange: a insularidade. E em que setores a limitação da insularidade não se faz tanto sentir e as características do nosso território nos tornam competitivos, com a vantagem de termos empregos mais bem remunerados? Vejo logo três: o das energias, o das tecnologias e o do mar.

A esses setores devemos associar o setor primário, como eixo central de um desenvolvimento sustentável, por valorizar os produtos regionais, com cadeias de abastecimento curtas e que contribuem para diminuir a nossa dependência do exterior, numa estratégica duplamente benéfica, por manter a nossa paisagem, com alto valor para o turismo e, simultaneamente, combater as alterações climáticas numa Região fustigada por catástrofes.

Bom, despeço-me com uma pergunta: o que é que falta para este ano ser diferente? Digo-vos que o que falta é uma mudança política para que possam viver melhor. E a única alternativa é o PS e o Sérgio Gonçalves, uma das pessoas mais sérias e mais bem preparadas que conheço. Com ele ganharão muito mais do que têm ganho com o PPD. Os atuais e velhos protagonistas nunca conseguirão implementar outra estratégia, porque têm as clientelas das quais dependem, curiosamente, o mesmo mal que vos afeta. Que as vossas vidas possam mudar já este ano. Um abraço.