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Mais de 90 mortos na recente onda de violência entre Quirguistão e Tajiquistão

FOTO EPA
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Pelo menos 94 pessoas morreram esta semana em combates fronteiriços entre o Tajiquistão e o Quirguistão, indicaram hoje os dois países, na maior onda de violência em anos entre ambos após a instauração de um cessar-fogo frágil.

A situação na fronteira disputada pelas duas ex-repúblicas soviéticas da Ásia central estava, no entanto, calma ao fim da tarde, segundo Bichkek, após a assinatura, na sexta-feira, de um cessar-fogo de emergência. A diplomacia tajique divulgou hoje na rede social Facebook um primeiro balanço pormenorizado da sua parte, dando conta de 35 mortos e 25 feridos em combates entre quarta e sexta-feira e afirmando que os mortos eram, na maioria, civis. A mesma fonte afirma que o exército quirguiz matou 12 pessoas num ataque com um 'drone' (aparelho voador não-tripulado) sobre uma mesquita, mais seis noutro ataque de 'drone' a uma escola e outras sete ao disparar sobre uma ambulância. Tais informações não puderam ser confirmadas por qualquer fonte independente, num país autoritário e muito fechado à imprensa.

Por seu lado, no seu mais recente balanço, o Ministério da Saúde quirguiz indicou que 59 dos seus cidadãos foram mortos na região de Batken, situada no sudoeste do Quirguistão, junto à fronteira com o Tajiquistão. Bichkek indicou ainda que 144 pessoas ficaram feridas, e o ministro das Situações de Emergência, Boobek Ajikeeb, afirmou hoje que quatro soldados quirguizes estão desaparecidos. O Presidente quirguiz, Sadyr Khaparov, decretou um dia de luto nacional na segunda-feira.

Este é um balanço de vítimas com uma gravidade excecional em combates fronteiriços, desde a independência destes dois países, em 1991. O balanço dos combates ultrapassa largamente o de anteriores confrontos fronteiriços, como o de abril de 2021, que causou a morte de 50 pessoas e fez temer um confito em maior escala.

Em conversas telefónicas, o Presidente russo, Vladimir Putin, apelou hoje aos Presidentes quirguiz, Sadyr Khaparov, e tajique, Emomali Rakhmon, para evitarem novos confrontos nestes países em que Moscovo historicamente desempenha o papel de árbitro.

A situação pareceu estabilizar hoje, não se tendo registado incidentes assinaláveis ao longo do dia. Num comunicado, a guarda-fronteiriça quirguiz indicou que às 22:00 locais (18:00 em Lisboa), a situação na fronteira das regiões de Bartken e Och "continuava tensa", mas "com tendência para estabilizar". "No âmbito dos acordos concluídos, as forças e meios de reforço enviados estão a retirar da fronteira para os seus locais de destacamento habituais", acrescentou a mesma fonte.

A fronteira entre o Tajiquistão e o Quirguistão é regularmente palco de combates. Cerca de metade dos 970 quilómetros de fronteira comum são contestados desde o desmembramento da União Soviética, num contexto de tensão pelo acesso a recursos básicos.