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Nicolás Maduro acusa Inglaterra de roubar descaradamente ouro da Venezuela

Foto Federico PARRA/AFP
Foto Federico PARRA/AFP

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou hoje Londres de "roubar" de maneira "descarada e indigna" o ouro venezuelano depositado no Banco de Inglaterra.

A denúncia tem lugar uma semana depois de o Tribunal Comercial de Londres ter decidido a favor do líder da oposição, Juan Guaidó, no caso do controlo do ouro venezuelano depositado no Banco de Inglaterra.

"Vejam vocês o ouro que nos estão a roubar em Londres de uma forma descarada e indigna para toda a comunidade venezuelana, para todo o povo da Venezuela", disse num evento transmitido pela televisão estatal local.

Nicolás Maduro sublinhou tratar-se de uma "operação de (...) roubo de ouro venezuelano depositado nos cofres do Banco de Inglaterra pelo Banco Central da Venezuela".

"Mas a Venezuela deve saber que se trata de um ato de pirataria. A pirataria é roubo e o mundo inteiro deve saber que não há segurança jurídica em Londres, nem no Banco de Inglaterra, que em qualquer momento qualquer país ou banco central do mundo pode ver as suas reservas internacionais, de ouro, roubadas. Essa é a verdadeira verdade. Não há segurança jurídica, não há respeito pela lei", frisou o governante.

Nicolás Maduro frisou ainda que esse outro pertence ao Banco Central da Venezuela e aos venezuelanos e que, por ele, o seu Governo continuará a lutar, "a protestar, para o recuperar".

"Continuaremos a protestar contra os abusos, sanções, sequestros e roubos de bens venezuelanos no estrangeiro. Um dia chegará a hora da justiça, da verdade. Recuperaremos essa riqueza, esses bens, esse ouro, essas empresas, esses aviões,  Citgo [petrolífera venezuelana nos EUA] e as contas bancárias que pertencem à Venezuela", disse.

O político venezuelano acusou ainda a Argentina de ter pretensões de "roubar um avião gigantesco, moderno, de carga" que é "legalmente propriedade da Venezuela, por ordem de um tribunal imperial do estado da Florida, nos EUA".

Nicolás Maduro fazia alusão a um avião Boeing 747 Dreamliner, propriedade da empresa iraniana Mahan Air que atualmente pertence à Emtrasur, subsidiária do Consórcio Venezuelano de Indústrias Aeronáuticas e Serviços Aéreos (Conviasa), que se encontra retido em Buenos Aires, Argentina, por ser alvo de sanções dos EUA.

"A Venezuela levanta o seu protesto e pede ao povo argentino todo o seu apoio para recuperar o avião que pertence a uma empresa venezuelana e que pretendem roubar depois de ter sido sequestrado durante dois meses (...) tal como tentam roubar o nosso ouro em Londres, a companhia Citgo", disse.

Segundo Nicolás Maduro o avião retido na Argentina era usado para transportar ajuda humanitária aos países das Caraíbas e de África.

"[É] o avião em que trazemos medicamentos da China, Rússia, Índia e que desempenhou um papel fundamental na vida humanitária da Venezuela", explicou.

Em 29 de julho, O Tribunal Comercial de Londres decidiu a favor do líder da oposição, Juan Guaidó, no caso do controlo do ouro venezuelano depositado no Banco de Inglaterra.

A juíza Sara Cockerill disse que não pode manter as decisões do Supremo Tribunal de Justiça venezuelano (TSJ) que anularam as nomeações de Guaidó para o conselho de administração do Banco Central da Venezuela (BCV), uma vez que não existe base legal no Reino Unido para o fazer.

No entanto, a juíza não autorizou a equipa da oposição a aceder às reservas, questão que será determinada noutra audiência (em setembro ou outubro), apesar de considerar válido a administração de Guaidó ser reconhecida pelo Governo britânico como o presidente legítimo, numa base provisória, do país latino-americano.

A decisão surge após o Supremo Tribunal do Reino Unido já ter decidido sobre uma série de questões preliminares em 2021 e reconhecer Guaidó, e não Maduro, como o líder da Venezuela.

Em 14 de maio de 2020, o presidente do conselho de administração oficial do BCV, Calixto Ortega, acusou o Banco de Inglaterra de violar o contrato ao não transferir 930 milhões de euros das reservas de ouro venezuelanas para um fundo da ONU para combater a pandemia covid-19 no país.

O BCV tem depositadas em Inglaterra 31 toneladas em barras de ouro, avaliadas em cerca de 1.950 milhões de dólares (cerca de 1.900 milhões de euros no câmbio atual).