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Estratégias Eleitorais

As estratégias inserem-se num conjunto de táticas cujos resultados apresentam sempre algumas variáveis. Muitas vezes o objetivo não é alcançado. Isto verifica-se em vários campos como é o caso da política! Dentro deste paradigma, existem dois perfis. O individual, que se baseia na estratégia pessoal, não envolvendo terceiros e aí o risco também é do próprio indivíduo. E o coletivo, que já envolve grupos ou comunidades e o risco é, obviamente abrangente. E é aqui que entra o mais que certo acordo pré-eleitoral entre o PSD e o CDS para as eleições Regionais na Madeira, no próximo ano. Não me parece boa estratégia o PSD apresentar-se a sufrágio anelado ao CDS, sem antes haver uma auscultação aos militantes dos dois partidos, essencialmente, aos do PSD e das necessárias sondagens para aquilatar do quanto poderá valer em eleições, um acordo pré-eleitoral entre estes dois partidos. Percebe-se que Miguel Albuquerque não queira deixar cair o parceiro que lhe permite governar com maioria por quatro anos, e em política, a lealdade e a solidariedade têm um valor incalculável. Mas também não pode deixar transparecer que está refém deste partido. É um risco que o Presidente do PSD Madeira sabe que corre e que pode comprometer um historial de vitórias eleitorais. Mas… e da parte do CDS, onde anda essa mesma solidariedade quando José Manuel Rodrigues resolve dar uma entrevista ao DIÁRIO no mesmo dia da festa do PSD no Chão da Lagoa? Uma entrevista com exigências e numa perspetiva de neutralizar o efeito expetante criado em redor da retoma da reunião campal laranja após dois anos de interregno devido à pandemia. José Manuel Rodrigues, que como se viu na sua condução à presidência da Assembleia Legislativa não “brinca em serviço”, criou um caso político que, curiosamente, acabou por não provocar ondas na rua dos Netos, tendo até sido esquecido rapidamente. Mas uma coisa é o que transparece oficialmente, outra, é a voz da razão e essa, diz-nos, que estas atitudes não agradam e este casamento pré-eleitoral não é consensual entre a família laranja. E não são apenas “dois ou três social-democratas que querem armar confusão”. São muitos mais e nem são filiados, são da plebe, são aqueles que votam e no boletim de voto conhecem apenas a sigla PSD. Por isso, ainda falta mais de um ano para as eleições, há tempo para refletir e delinear a melhor estratégia, tendo em conta as tais variáveis. É cedo para o CDS reivindicar lugares nas listas e nos órgãos próprios. O CDS não pode viver à sombra de um acordo executivo que, apesar de estar a resultar, reconheça-se, precisa de ter mais atividade governativa e partidária. Precisa de dar corda aos sapatos. Que oposição tem o CDS exercido sobre o PS? Quando vale, eleitoralmente, o CDS nesta altura? Para ter respostas, tem de ir para o terreno, para o “combate” político, arrebanhar os seus militantes e apresentar resultados concretos da importância que o partido tem, não só na atual coligação, mas também como força política que pode continuar a fazer a diferença na deriva governativa à direita. O resultado desse trabalho poderá tornar-se numa base consolidada para que o CDS se apresente a eleições sozinho e pujante. Todos sabemos que à direita, o PSD pode contar apenas com o CDS. Pela postura que têm assumido, Chega e IL, trilham outros caminhos. Daí que seja necessário tirar todas as ilações. Uma coligação PSD/CDS pode não dar maioria absoluta nas próximas eleições e, desta forma, mesmo não ganhando, o PS pode chegar de mão beijada ao Governo contando para isso com a parceria pós-eleitoral de partidos à esquerda e até alguns à direita, tal como aconteceu com o primeiro governo de António Costa ou o exemplo atual dos Açores. Ora tendo em conta este cenário, penso que será mais vantajoso ao PSD e ao CDS irem separados a eleições e só depois, formarem novamente uma coligação governativa mesmo em caso de vitória absoluta do PSD. Aguardemos!