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Os oceanos

A cimeira de Lisboa sobre o mar foi um pouco relegada para onde não devia por conta da dessintonia que grassa no mundo e a concomitante proliferação de reuniões que aconteceram simultaneamente. Do G7 à NATO e até do BCE. De todas esperavam-se, como veio a suceder, anúncios de medidas com impacto suficiente para nublar o importante encontro da capital portuguesa.

Temos que encarar o mar, não só na óptica que mais gostamos, a do lazer e divertimento, mas das preocupações que o mundo nos traz e implicam cuidados, atenções e apostas na água que nos circunda bafejando-nos de sorte.

Saber que já há uma ilha em plástico acumulado a navegar no oceano do tamanho creio que da França, segundo julgo ter ouvido, que para lá foi jogada pela mão do homem, fica fácil perceber a urgência das medidas que os governos têm de tomar, quais gestores de condomínio para as zonas comuns do planeta, no que concerne à política ambiental.

Portugal tem uma área marítima 18 vezes superior ao território continental. A economia do mar é segmento abundantemente falado, mas que na conversa percorre o país mas desagua sempre na capital quando toca a eventuais ideias de investimento.

Há tempos um governante das ilhas Tuvalu dava um exemplo de comunicação ao mundo falando numa praia, de fato e gravata com água pelos joelhos e afirmando que há uns tempos antes não havia mar ali. As águas estão subindo. Mais de 3mm todos os anos. Muito pelo aquecimento do clima, gerador do degelo nos polos, mas também pelo que é indevidamente depositado nos oceanos. Mais de 600 milhões de pessoas no mundo vivem a menos de 10m do mar. Acho que sou um deles. E agora?