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Pelo menos 15 mortos em protestos contra a missão da ONU na RDC

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Pelo menos 15 pessoas morreram, desde segunda-feira, nos protestos desencadeados no nordeste da República Democrática do Congo contra a missão de paz das Nações Unidas no país, incluindo 12 civis e três membros da missão, confirmou o governo.

"No total, desde ontem [terça-feira] lamentamos a morte de 15 pessoas, incluindo 12 civis e três capacetes azuis (segundo a ONU, no entanto, foi um capacete azul e dois policiais militares), que morreram em Butembo", disse na terça-feira o porta-voz do governo em conferência de imprensa.

"Em Butembo, contamos sete civis [mortos]. [Também] 61 feridos que estão distribuídos em diferentes hospitais na província de Kivu do Norte (nordeste), principalmente em Goma (capital da província)", acrescentou o porta-voz.

Segundo o presidente da Sociedade Civil de Goma, John Banyene, as mobilizações começaram no sábado e levaram ao assalto e saque de algumas instalações da missão de paz das Nações Unidas (MONUSCO) na cidade na segunda-feira.

Manifestantes saíram às ruas para exigir a retirada da missão da ONU - criada há mais de duas décadas - acusando-a de ineficiência diante da violência que assola o leste da RDC, onde atuam pelo menos 122 grupos rebeldes, segundo o jornal Barómetro de Segurança Kivu (KST).

"Reitero que a missão está na RDC a convite do governo para ajudar a proteger os civis e promover a estabilidade", disse o chefe interino da missão de paz das Nações Unidas, Khassim Diagne.

O porta-voz da ONU, Farhan Haq, confirmou esta terça-feira em conferência de imprensa que, "centenas de pessoas" participaram nos ataques contra várias instalações da organização, nomeadamente contra a sede do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Goma, onde foram "repelidas" por seguranças.

A população construiu barricadas em diferentes pontos da cidade, além de acender fogueiras em frente a alguns prédios da ONU, enquanto grande parte dos trabalhadores da organização na província teve que ser retirada.

O ataque ocorreu depois de o presidente do Senado congolês (Câmara Alta), Modeste Bahati Lukwebo, ter, em meados de julho, acusado a MONUSCO de não ser eficaz, exigindo a sua retirada.

Desde 1998, o leste da RDC está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do Exército, apesar da presença da missão da ONU, com cerca de 14.000 soldados.