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Líder do Partido Conservador britânico pede demissão a Boris Johnson após "muito maus" resultados

Foto ITS/Shutterstock.com
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O presidente do Partido Conservador britânico, Oliver Dowden, apresentou hoje a demissão ao primeiro-ministro Boris Johnson, depois de uma série de resultados eleitorais "muito maus", incluindo as derrotas nas eleições legislativas parciais de quinta-feira.

Essas derrotas "são as últimas de uma série de resultados muito maus para o nosso partido", escreveu Dowden numa carta endereçada ao primeiro-ministro, acrescentando que "alguém tem de assumir a responsabilidade".

Nas legislativas parciais de quinta-feira, vistas como um teste à popularidade de Boris Johnson junto dos eleitores, os Conservadores perderam o círculo eleitoral de Tiverton e Honiton para os liberais democratas e o de Wakefield para o principal grupo da oposição, o Partido Trabalhista.

Em Wakefield, no norte de Inglaterra, estava em jogo o que era tradicionalmente um bastião trabalhista, mas que foi conquistado pelos Conservadores em dezembro de 2019, contribuindo para a maioria absoluta dos 'tories'.

A eleição foi desencadeada pela demissão do deputado Imran Khan, que foi condenado a 18 meses de prisão por assédio sexual de um rapaz de 15 anos.

O círculo eleitoral foi continuamente mantido pelos Trabalhistas entre 1932 e 2019, mas o forte apoio local ao Brexit beneficiou os Conservadores.

Em Tiverton e Honiton, uma circunscrição eleitoral no sudoeste de Inglaterra que pertencia aos 'tories' desde que foi criada, em 1997, os eleitores votaram para escolher o sucessor de Neil Parish.

O deputado de 65 anos demitiu-se após ter admitido ver pornografia no telemóvel enquanto estava no parlamento.

O antigo agricultor de profissão alegou ter entrado numa página para adultos por engano enquanto procurava tratores e que depois, num "momento de loucura", voltou ao mesmo 'site'.

Num sinal do mal-estar dentro do partido, a candidata em Tiverton e Honiton, Helen Hurford, recusou-se por duas vezes a comentar a honestidade de Boris Johnson, numa entrevista ao diário The Guardian.

O primeiro-ministro "pensa que é honesto", respondeu.

Considerado uma máquina vencedora de eleições após o triunfo nas legislativas, há dois anos e meio, sob a promessa de concretizar o Brexit, a reputação de Johnson tem vindo a ser atingida por sucessivos escândalos durante o mandato.

Ansioso por se afirmar no palco internacional, Johnson cancelou na semana passada a presença num encontro de Conservadores no norte de Inglaterra para visitar Kiev pela segunda vez e, ao lado do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reiterar o apoio do Reino Unido face à invasão russa.

No plano interno, o contexto não é favorável para o Governo, com a inflação a 9,1%, o mais alto nível em 40 anos, algo que está a aumentar a agitação social, com greves em curso nos transportes ferroviários e outras previstas na educação e saúde.

Com a imagem desgastada pelo escândalo das festas na residência oficial de Downing Street durante o confinamento imposto devido à pandemia, o Executivo envolveu-se novamente em controvérsia recentemente, devido ao fracasso da tentativa de deportação de migrantes ilegais para o Ruanda.

Entretanto, surgiu uma nova polémica, que a imprensa apelidou de "Carriegate", sobre alegadas tentativas repetidas de Boris Johnson para obter empregos remunerados para a mulher, Carrie.