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Les uns et les autres

Decide-se hoje o futuro próximo de França. Numas eleições que, atendendo ao contexto internacional, têm uma importância superior. A possibilidade real dos gauleses terem um presidente de um partido e um primeiro-ministro de outro poderá acontecer e dificultar sobremaneira a vida a Macron.

Já aconteceu no passado com Mitterrand, por 2 vezes, e Chirac. Mas os tempos eram outros. Agora, com a guerra na Europa, as pretensões, legítimas, do chefe de estado francês em ocupar, de certo modo, o papel liderante e preponderante que exerceu Merkel à frente da União Europeia, ficam de todo abaladas ou mesmo inviabilizadas, tendo que co-habitar com um primeiro-ministro que tem dúvidas quanto à Europa, na guerra da Ucrânia condena a Rússia mas também a Nato e é confesso admirador de Hugo Chávez.

Os votantes não estão a valorizar a guerra nesta disputa. Pelo menos até agora. Têm mais em conta as condições de vida que pioram com a subida dos preços e da inflação e protestam contra o poder instituído. Quem se aproveita dessas queixas e reivindicações é Mélenchon, o líder da “extrême gauche” e da geringonça, ameaçando a estabilidade em França e na Europa.

Ali, as eleições legislativas têm 2 voltas. Na 1.ª, realizada no pretérito domingo, ganhou Macron, mas por décimas em relação à coligação de esquerda. A esperança do presidente reside no voto útil dos outros partidos da direita tradicional. E de reverter parte do enorme número de abstencionistas para o seu lado. De resto, só lhe sobrará o bom senso dos franceses na hora do voto.