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Porque não falar verdade

Toda a gente sabe que Miguel Albuquerque não queria se encontrar com o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas

Há dias, como de costume por estas alturas, desloquei-me ao continente, aproveitando para passar uns dias de férias e encontrar-me com alguns colegas de curso, pois fizemos o 60º aniversário que acabamos o curso na Escola Superior Agrária de Coimbra.

Aluguei um carro e dei algumas voltas pelo país, nomeadamente ao Alto Alentejo, Beira Baixa e Beira Litoral.

Às tantas sou surpreendido com um programa na Antena Um sobre o Pombo Trocaz. Digo surpreendido e digo bem, porque sempre me “venderam” que o Pombo Trocaz só existia na Madeira e que estava em vias de extinção, motivo pela qual o Governo Regional da Madeira se candidatou a umas verbas da Unesco para evitar a sua extinção.

Foi criada legislação própria, proibindo a sua caça, mesmo que fosse para defender os bens do agricultor, ferozmente atacados nos terrenos agrícolas da Madeira. Arranjaram umas redes para proteger as couves e uma espécie de “bombas” que funcionam a gás para afugentar tal bicharada. Tudo isto por causa de arrecadarem meia dúzia de euros com o pretexto de defenderem o que diziam estar em extinção.

Ora, o que mais me surpreendeu foi o facto de dizerem que o Pombo Trocaz existe no continente, nomeadamente na zona de Gaia, mais propriamente no prédio da RTP, que aproveitam as árvores de grande porte desse prédio para viverem por aí. Explicaram as diferenças entre o chamado Pombo Doméstico e o Pombo Trocaz, especialmente no seu tamanho e envergadura. Sem dúvida nenhuma que se referiram ao nosso Pombo Trocaz, que “exclusivamente na Floresta antes vivia Laurissilva”, especialmente nas árvores de maior porte, tal como acontece na zona de Gaia.

Digam-me, por favor qual foi a necessidade de enganarem os madeirenses, dizendo que era um exclusivo da Madeira? Quanto é que recebem da Unesco para proteger uma ave que não precisa de ser defendida da extinção? Pensamos que o valor que recebem é muito menor que o prejuízo que o Pombo Trocaz provoca aos nossos agricultores e que não são devidamente indemnizados.

Será que os governantes madeirenses ganharam o hábito de mentirem para ganharem o quê? Eleições, provavelmente.

Veja-se o que se passou recentemente com o convite ao Presidente do Governo Regional da Madeira, feito pelo Presidente da República, para se deslocar a Braga e ao Reino Unido aquando da comemoração do Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, em que o primeiro jura a pés juntos que não foi convidado e afinal já tinha marcado as suas férias para essa data!!!

Acreditar em quem? Tudo leva a crer que o povo madeirense não acreditou nas desculpas esfarrapadas do Presidente do Governo Regional da Madeira. Porquê mentir aos madeirenses? Não conseguem arranjar argumentos para levar a verdade para a frente? Toda a gente sabe que Miguel Albuquerque não queria se encontrar com o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, o madeirense e socialista Paulo Cafôfo. Primeiro o seu ego e depois os madeirenses….

A incompetência e arrogância dos nossos (madeirenses) governantes vem de longa data, mais propriamente desde Outubro de 1976, quando foi empossado o primeiro Governo Regional e muito mais acentuadamente depois da posse do segundo Governo Regional a partir de Março de 1978, o primeiro de Alberto João Jardim.

Esta questão do Pombo Trocaz levanta outra que é o facto de não termos a transmissão em direto durante 24 horas da RDP, tal como acontece com a transmissão em direto e em sinal aberto da RTP 1, além de outras disponíveis em permanência nos canais da cabo como da RTP 2 da RTP 3, A RTP África, A RTP Internacional, a RTP Memória e a RTP Play. Há muitos programas nacionais que estão vedados aos madeirenses, como este, que só pelo facto de estar de férias no continente, foi ouvido por mim. A Madeira não podia abdicar de um dos canais regionais em permanência da RDP, para no seu lugar ser transmitido a Antena Um Nacional durante 24 horas, a exemplo do que acontece com a RTP1?