Artigos

Só sei que nada sei

Consequências de todas as dúvidas? Insegurança, desconfiança e descrença

Vivem-se tempos confusos. Depois de tudo o que passamos nesta pandemia, agora parece que a estratégia é deixar infetar o maior número de pessoas para que se consiga a imunidade de grupo. Teremos consciência das consequências desta estratégia? Está tudo bem desde que não seja nenhum parente nosso ou mesmo nós? Estar vacinado não é sinónimo de não ficar infetado, poderá ficar doente várias vezes, e, até morrer.

Relaxamos no uso das máscaras e vimos supermercados a manusear produtos como fruta, queijos e charcutaria sem qualquer máscara (onde não há cozedura para matar o bicho). Serei única a pensar que deveria haver um tratamento diferenciado de uso ou não de máscara, dependendo do tipo de produtos manuseados ou de serviços prestados?

Após o levantamento de obrigatoriedade de uso de máscara em muitos espaços, a Direção-Geral de Saúde divulgou que, na última semana, em Portugal, registaram-se 157.502 casos de infeção e 191 mortes. Surpreso? Também eu. Nunca imaginei que fossem tantos. Enquanto isto, da China recebemos notícias de novos encerramentos de cidades causados pela Covid-19. Cada um tire as suas próprias conclusões e tome as suas próprias medidas de precaução.

Expulsamos turistas e fechamos aeroporto no início da pandemia para agora permitir a entrada de turistas em autocarros de transporte público sem máscara com o compromisso de colocar a máscara quando se sentar. É só ver o que se passa na paragem de autocarros do Lido.

À boca pequena voltam a surgir dúvidas sobre esta doença e sobre a vacinação, e, ou muito me engano, ou daqui a uns dias ninguém acredita em mais nada. Raciocinando sobre tudo o que se passa, continua tudo muito estranho. É estranho que a natureza tenha produzido um vírus desta espécie. Sabemos que o Homem investe em armas biológicas e, por isso, duvidamos. Sabemos como funciona o mundo empresarial e sabemos que só pensam no lucro. Poucos neste mundo descobriram curas e ofereceram esse conhecimento à humanidade. A grande maioria só pensa no lucro.

Uma parte da ciência farmacêutica é dedicada ao estudo dos efeitos secundários dos medicamentos e qual a sua percentagem de ocorrência nas pessoas. Estranho que estejam a aparecer tantos casos de doenças cardíacas, não? Mas parece haver uma cultura de desvalorização do problema.

Consequências de todas as dúvidas? Insegurança, desconfiança e descrença.

Para além destas preocupações de saúde pública, estamos a ser confrontados com questões de sobrevivência. Parece que se não morrermos desta doença, arriscamo-nos a passar fome. Quem tiver sopinha no prato todos os dias está de grande. Não sei como conseguem sobreviver os reformados e pensionistas com reformas mínimas. É impressionante o aumento dos preços dos bens essenciais. Foram aumentando lentamente durante a pandemia e com a guerra na Ucrânia levamos mais uma machadada.

Como justificar o lucro de 500% da Galp e os lucros de vários milhões de euros nos supermercados?

Sou pela democracia e a economia de mercado, mas acredito que a melhor defesa da liberdade no mercado é a boa regulação. Desconfio de muito aproveitamento. Evidentemente que ninguém vai trabalhar se não fôr para ter lucro, mas não precisam limpar a carteira do comum dos mortais.

Onde estão as instituições como o Conselho Económico e Social e a Autoridade da Concorrência? Em que Portugal vivem os nossos políticos? Onde estão os nossos deputados? Propostas se faz favor. Ninguém propõe nada a favor da população? E nós? O que exigimos? Tudo amorfo. Todos querem que os outros falem e façam por eles.

Os bancos são outras entidades que não se entende. Veja-se o caso da Caixa Geral de Depósitos. Regista lucro de milhões e anunciou no início deste ano que apenas os reformados e pensionistas que tenham mais de 65 anos e uma pensão ou reforma inferior a 835,50 euros vão continuar a beneficiar da isenção de pagamento de comissão de conta. Todos os outros passam a pagar. Atenção que um pensionista com uma pensão muito abaixo dos 835 euros, se não tiver 65 anos, terá de pagar uma comissão. E ninguém contesta?

Parece que a grande preocupação do principal partido da oposição são as eleições internas para líder nacional. A 28 de maio próximo, o PSD vai a eleições e, com grande probabilidade, será eleito Luís Montenegro, um candidato muito ligado a Pedro Passos Coelho e que “quer projetar exemplo da Madeira no país”. Lembro ao dr. Montenegro que a 20 de abril deste ano Miguel Albuquerque questionava “se vale a pena a Madeira continuar integrada na República”. Continuaremos com jogos de poder pelo poder sem preocupação pela amargura de um povo que apenas sobrevive? É o PSD ainda o partido da “paz, pão, povo e liberdade”?

Com tudo isto, só sei que nada sei.