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Guterres pede investigação independente a assassínio de jornalista da Al Jazeera

Foto EPA/ABED AL HASHLAMOUN
Foto EPA/ABED AL HASHLAMOUN

O secretário-geral da ONU disse estar "horrorizado com o assassínio" da jornalista palestiniana Shireen Abu Akleh, e pediu uma investigação "independente e transparente" ao incidente na Cisjordânia ocupada.

António Guterres pediu às "autoridades competentes" que "assegurem que os responsáveis prestam contas", de acordo com um comunicado emitido na quarta-feira pelo porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas Farhan Haq.

O responsável português deixou uma condenação a "todos os ataques e assassínios de jornalistas", salientando que estes "nunca devem ser alvo de violência e que os trabalhadores dos 'media' devem poder trabalhar livremente e sem assédio, intimidação ou medo".

Contudo, Guterres não anunciou qualquer ação concreta da ONU em relação ao incidente.

Questionado numa conferência de imprensa sobre a razão pela qual as Nações Unidas não fizeram qualquer referência à autoria do ataque, Farhan Haq disse que a ONU prefere aguardar pelos resultados de uma investigação.

Shireen Abu Akleh, uma das jornalistas mais reconhecidas do canal televisivo do Catar Al Jazeera, foi morta a tiro, na manhã de quarta-feira, enquanto cobria uma operação do exército israelita numa área tensa da Cisjordânia ocupada.

De acordo com o Ministério da Saúde palestiniano, a jornalista morreu depois de uma bala disparada pelo exército israelita a ter atingido no rosto, apesar de usar colete à prova de bala e capacete que a identificavam como repórter em serviço.

Por sua vez, o Exército israelita alegou que os soldados responderam ao fogo palestiniano e admitiu a hipótese de a jornalista ter sido atingida por uma bala das forças de segurança da Palestina.

Israel adiantou ter proposto uma investigação conjunta e autópsia à Autoridade Palestiniana, que recusou a oferta.

A Autoridade Palestiniana, que administra partes da Cisjordânia ocupada e coopera com Israel em questões de segurança, condenou o que disse ser um "crime chocante" cometido por forças israelitas.

A Al Jazeera classificou a morte de Shireen Abu Akleh como um "assassínio a sangue frio" pelo qual responsabilizou o Governo israelita e as forças de ocupação na Cisjordânia.

A diplomacia da UE, o Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU e a organização não-governamental internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediram uma "investigação exaustiva e independente" ao assassínio da jornalista e a responsabilização dos culpados.

O embaixador dos EUA em Israel, Tom Nides, lamentou a morte da jornalista, que tinha dupla nacionalidade palestiniana e norte-americana, e disse encorajar "uma investigação profunda sobre as circunstâncias" deste episódio.

O Governo do Catar também criticou a atuação das forças israelitas que "dispararam sobre o rosto" da correspondente da Al Jazeera.