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ANA/Vinci termina negociações de revisão salarial e sindicatos avançam para DGERT

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Foto CGTP

A ANA/Vinci decidiu hoje terminar as negociações de revisão salarial, porque os sindicatos não aceitaram a última proposta, e os representantes dos trabalhadores vão avançar para processo de conciliação na DGERT, avançou à Lusa o Sitava.

"A própria empresa já deu como encerrada [a negociação para revisão salarial] hoje, porque os sindicatos não aceitaram a proposta de empresa", disse à Lusa Armando Costa, do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), esclarecendo que a ANA/Vinci decidiu dar por terminadas as negociações e "fazer um ato de gestão".

"Nós protestámos e dissemos abertamente que vamos avançar para processo de conciliação no ministério [do Trabalho - Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT)]", acrescentou o dirigente sindical.

As negociações para revisão salarial dos trabalhadores da ANA/Vinci decorriam entre a empresa, o Sitava, o Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Aeroportos e Aviação (SINDAV), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) e o Sindicato dos Quadros da Aviação Comercial (SQAC).

O Sitava promoveu hoje uma concentração de trabalhadores da ANA -- Aeroportos de Portugal, detida pela multinacional francesa Vinci, em todos os aeroportos nacionais, contra a suspensão das contribuições para o fundo de pensões, a denúncia do acordo de empresa pela ANA/Vinci e pela atualização salarial.

"Eles fizeram denúncia do acordo de empresa e nós estamos a negociar, só que achamos uma afronta, um insulto aos trabalhadores", afirmou Armando Costa.

Para o dirigente sindical, foi o acordo denunciado pela empresa que a permitiu ter proveitos desde que chegou a Portugal, em 2013.

"Agora querem mais", defendeu Armando Costa, acusando a empresa de querer aumentar os lucros, baixando o custo do trabalho.

Em março, a Comissão de Trabalhadores (CT) da empresa avançou à Lusa que estava a estudar avançar para tribunal, para travar a suspensão das contribuições da empresa para o fundo de pensões, caso a via extrajudicial não resolva o problema.

Segundo a CT, com esta medida a empresa espera poupar cerca de cinco milhões de euros em três anos.

Em declarações à Lusa, João Figueiredo, coordenador da CT, recordou que em causa está a "suspensão e corte que a empresa decidiu fazer unilateralmente naquilo que são as suas contribuições ao fundo de pensões da ANA".

"Sendo essa uma posição que nós nunca aceitamos nem compreendemos, tentámos que a empresa revisse a decisão, numa situação de diálogo. Percebemos que estava irredutível", indicou.

O mesmo responsável garante que o objetivo desta suspensão é "forçar os sindicatos a aceitar o acordo de empresa (AE) que está em fase negocial".

Numa mensagem enviada aos trabalhadores no início deste mês, o presidente da Comissão Executiva da ANA, Thierry Ligonnière, reconheceu que ações como a denúncia do acordo de empresa e a suspensão da contribuição da empresa para o fundo de pensões, que têm sido criticadas pelos sindicatos, podem dar a impressão de "não considerar os esforços realizados", acrescentando que o objetivo é "estabelecer com os parceiros sociais um diálogo aberto e realista" sobre as mudanças que considera ser preciso realizar.

"Cabe a todas as partes envolvidas aceitar definir, pela negociação, um novo equilíbrio que permitiria antecipar a retoma de certos benefícios", disse.

Contactada pela Lusa, fonte oficial da ANA, garantiu que "este assunto foi abordado nas várias reuniões regulares que a ANA realizada com a Comissão de Trabalhadores (CT)", indicando que os representantes dos trabalhadores defendem "uma diferente interpretação jurídica".