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Capitão do Exército em fuga denuncia corrupção nas Forças Armadas da Venezuela

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Um capitão do Exército da Venezuela, que é procurado pelas autoridades, divulgou sexta-feira um vídeo dirigido aos jovens militares das Forças Armadas venezuelanas, denunciando a deterioração daquela instituição e apelando a que oiçam o clamor da população pela liberdade.

"É vergonhoso observar o nível de deterioração dos valores e princípios", afirma o capitão do Exército Ângelo Júlio Herédia, que em março de 2017 foi detido e acusado de traição à pátria, instigação à rebelião e de atentar contra a ordem da nação e das forças armadas e escapou da prisão em dezembro de 2019.

No vídeo "Morra a tirania, viva a liberdade", o capitão aparece com a cara descoberta e acompanhado por outras quatro pessoas com a cabeça coberta, tendo ao fundo duas bandeiras da Venezuela, uma delas mais pequena que a outra.

O militar explica que em 19 de março de 2022, um comandante da 13ª Brigada de Infantaria localizada em Fuerte Mara, estado de Zúlia (oeste do país), foi surpreendido pelas autoridades quando transportava cigarros de contrabando na sua viatura privada.

"Atos como este são uma das causas da rebelião de dignos oficiais e tropas profissionais que hoje estão na prisão ou no exílio, lutando pela liberdade que todos os venezuelanos desejam", afirma, denunciando a existência de generais "mercenários à ordem das máfias entrincheiradas nos poderes do Estado".

Afirma ainda que as estrelas e "as estrelas e sóis" (símbolos castrenses) que os militares "exibem nos seus crachás identificam-nos como cidadãos portadores de armas do Estado" e "não de uma pessoa ou parcialidade política, para a defesa e proteção da soberania e dos seus cidadãos como uma obrigação absoluta".

Por outro lado, responsabiliza o atual Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, por "eleger a dedo" os generais e almirantes do país.

"Aos meus companheiros de armas, lembro-lhes que um covarde que careça de dignidade não pode ser militar (...) temos de ouvir o clamor dos nossos cidadãos pela liberdade", afirma.

A mensagem conclui com a mensagem "morte à opressão, morte à tirania, viva a liberdade, Deus e democracia".

El capitán Ángelo Heredia, detenido desde el 30 de marzo de 2017, se fugó este miércoles de la cárcel militar Ramo Verde.

Segundo a imprensa venezuelana, o capitão do Exército Ângelo Júlio Herédia foi detido em 30 de março de 2017, 20 dias depois de denunciar, perante o Ministério Público, a existência de uma rede de contrabando de gasolina no Estado venezuelano de Táchira, a sudoeste do país.

Foi acusado pelas autoridades venezuelanas dos delitos de traição à pátria, instigação à rebelião e atentar contra a ordem da nação e das Forças Armadas.

Também de fazer parte de um grupo de funcionários do Exército que teriam alegadamente preparado o Golpe Fénix, contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro.

Um ano depois da sua detenção, Cristina Herédia, mãe do capitão, deu uma entrevista ao canal de televisão NTN24, na qual pedia que o filho fosse libertado.

"(Nicolás) Maduro, por favor, devolve-me o meu filho. Tu sabes que eu era muito chavista. Eu votei por (Hugo) Chávez e depois votei por ti", disse.

Em 25 de dezembro de 2019, Ângelo Júlio Herédia, fugiu do cárcere militar de Ramo Verde. Dois funcionários prisionais foram detidos por suspeita de colaborar com a fuga.