A Guerra País

BE condena "imperialismo russo", mas diz que NATO não é "a pomba da paz"

Foto Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens
Foto Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens

O fundador do Bloco de Esquerda Luís Fazenda afirmou hoje que o partido sempre condenou "a ascensão do imperialismo russo" do presidente Vladimir Putin, mas alertou que a NATO "não passou a ser a pomba da paz".

Numa sessão pública, em Lisboa, "pela paz e pelo fim à invasão da Ucrânia", Luís Fazenda apelou a um papel mais ativo da União Europeia e das Nações Unidas como mediadores das negociações entre a Rússia e a Ucrânia. "Se nós não temos a menor duvida na condenação do imperialismo russo, da invasão russa, também connosco não praticam censura sobre os crimes da NATO, no Iraque, no Afeganistão, na Síria, na Líbia. [...] A NATO não passou a ser a pomba da paz, é necessário que a União Europeia repense estrategicamente o seu papel para a paz. Aquilo que os Estados Unidos pensam acerca do mundo pode não ser necessariamente, e não é, o que a Europa possa pensar", considerou.

Por isso, o antigo deputado apelou a que o Conselho Europeu da próxima semana "possa abrir caminho a uma solução negociada e a não a mais escaladas da guerra". Luís Fazenda defendeu que a ONU "tem de dar sinais de que pretende intermediar o processo de paz", considerando que "não há verdadeiras negociações que sejam apenas entre o agressor e o agredido", que só podem resultar em imposições da Rússia sobre a Ucrânia.

Na mesma sessão, a eurodeputada do BE Marisa Matias defendeu que "a União Europeia pode ter um papel importante no processo de paz" e ajudar a mediar o conflito, saudando que "finalmente tenha assumido uma posição correta sobre os refugiados", que tem de ser alargada a todos. "Um refugiado é um refugiado, venha de onde vier, e merece ser acolhido com a dignidade que exigimos para qualquer pessoa. Aqui está a esquerda da solidariedade com a gente que dela precisa", corroborou a coordenadora do BE, Catarina Martins, que fechou esta sessão pública, que decorreu numa escola em Lisboa.

Na sua intervenção, a líder do Bloco voltou a sublinhar a posição do partido neste conflito. "O Bloco condenou esta guerra com a mesma convicção com que condenou todas as guerras do nosso século - do Iraque à Síria, passando pela ex-Jugoslávia. Fazemo-lo porque sabemos que não há contexto histórico que justifique a agressão de um povo, que não há disputa territorial que justifique o bombardeamento de uma maternidade ou de uma escola, com a certeza de que não há dificuldade militar que justifique a guerra contra civis. Esta esquerda levanta-se contra a guerra, sim, e em todos os momentos", disse.

Catarina Martins, tal como Luís Fazenda, enalteceu o papel de todos os russos que se opõem ao regime do presidente Vladimir Putin e, na questão do armamento, acusou as elites europeias de "cinismo e irresponsabilidade". "Ouvimos nos últimos 24 dias palavras de justa condenação dos chefes de governo francês e alemão, italiano e austríaco, búlgaro, checo, croata, finlandês, eslovaco e do espanhol a condenarem muito justamente a guerra, mas todos lideram países que, nos últimos anos, venderam armas à Rússia", criticou.